Colocar os petistas paranaenses e o senador Osmar Dias (PDT) num mesmo saco tem sido uma tarefa difícil para o presidente Lula. A aliança é considerada fundamental para garantir um palanque forte no Paraná à presidenciável Dilma Rousseff. Mas, historicamente, os petistas nunca foram com a cara do senador. E a recíproca sempre foi verdadeira.
E enquanto o presidente não enfia a coligação goela abaixo dos dois grupos políticos – alternativa tida como a mais provável -, ambos seguem promovendo um jogo de cena. Osmar diz que exige a petista Gleisi Hoffmann como vice na sua chapa para concorrer ao governo do Estado. E Gleisi garante que será candidata ao Senado.
"Nós já fizemos tudo o que era possível pela aliança política há mais de um ano. Como o senador não arreda o pé, vamos definir uma candidatura própria", diz o presidente do PT paranaense, deputado estadual Enio Verri. Dois candidatos petistas estão dispostos a ser candidatos ao governo, ambos londrinenses: o ex-prefeito Nedson Micheleti e a ex-secretária estadual de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Lygia Pupatto.
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Verri garante que, em reunião com o presidente Lula, realizada na Semana Santa, petistas e pedetistas concordaram que Gleisi não seria vice de Osmar. Mas o senador teria voltado atrás dias depois. "Lula chegou a sugerir ao senador o nome do presidente da Itaipu, Jorge Samek, como vice", alega Verri. Segundo o petista, não há mais o que fazer senão definir a candidatura própria em reunião marcada para o dia 24 em Curitiba.
"A política é um processo evolutivo no qual não cabe a palavra jamais", diz o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, que é presidente do PDT nacional. Ele esteve em Londrina na sexta-feira (16) para inaugurar a nova sede da Agência do Trabalhador (Sine). O ministro nega que, na reunião com Lula, teria sido definida a candidatura de Gleisi ao Senado. Mas não descarta a indicação de um outro petista como vice na chapa de Osmar Dias. E admite a existência de um jogo de cena: "O processo político é assim. Você estica a corda, mas na hora que ela vai arrebentar, a gente volta a ficar juntos."
O ministro afirma que o mais importante é garantir um bom palanque para Dilma Rousseff no Paraná para evitar a "volta ao passado". "Como no cenário nacional, queremos envolver nesta aliança estadual também o PMDB", diz Lupi. Mas, para isso, o governador Orlando Pessutti precisa desistir de sua candidatura à reeleição.
Lygia Pupatto diz que sempre defendeu uma alternativa no Paraná para o caso de as negociações com o PDT não evoluir. Ela reafirma sua disposição de disputar o governo do Estado, mas admite que não é esse o desejo do PT nacional. "Ainda haverá um grande esforço para a coligação [com o PDT], uma vez que a prioridade é a eleição da Dilma", diz a ex-secretária. O ex-prefeito Nedson Micheleti prefere não se manifestar até que o partido defina eventuais alianças.