A Secretaria Especial de Corregedoria e Ouvidoria Geral (Seog) apresentou, nesta terça-feira (08), na Escola de Governo, novidades sobre o andamento do trabalho de investigação referente ao prejuízo na Fundação Copel, acarretado pelo não cumprimento de uma ordem do governador Roberto Requião. Em meados de 2004, a Companhia Paranaense de Energia recebeu a orientação para que retirasse R$ 166 milhões que o fundo de pensão dos funcionários da estatal havia investido no Banco Santos. Pouco tempo depois foi decretada a falência da instituição bancária, o que resultou num prejuízo de R$ 36 milhões à fundação.
"Em declarações a uma rádio da capital, o então presidente da Copel, Paulo Cruz Pimentel, afirmou que a companhia não tinha a menor ingerência sobre a fundação, que por si só é autônoma e aplicaria ou deixaria de aplicar seus valores da forma que bem entendesse. Porém, ouvimos diversos funcionários da estatal e após algum tempo chegamos a uma carta-ofício, redigida por Pimentel e endereçada ao presidente da fundação, Murilo Batista Junior, na qual explicou de forma bastante clara a subordinação dos assuntos dessa entidade à presidência da Copel, e não ao conselho deliberativo como era anteriormente e deveria ser", detalhou o assessor da Corregedoria e delegado da Polícia Federal, José Francisco de Castilho Neto.
Segundo ele, que comanda as investigações, a partir do documento, datado de 06 de fevereiro de 2004, foi criado um comitê de investimentos, que era submetido diretamente ao presidente da Copel. "Na última segunda-feira tomei o depoimento do Murilo Batista e ele confirmou a veracidade dessa carta e disse ter conhecimento dos e-mails que determinaram a manutenção das aplicações no banco, mesmo diante dos rumores de mercado e da ordem explícita dada pelo governador", contou Castilho Neto. "Com esse ofício está caracterizada a responsabilidade objetiva da presidência da companhia nos prejuízos da fundação", completou.
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Os próximos passos, diz o assessor, são encaminhar a primeira parte das investigações ao Centro de Apoio Operacional do Ministério Público voltado à proteção às fundações, e disponibilizar cópia do documento à associação e aos sindicatos da Copel, caso tenham interesse em reaver seus prejuízos. "Além disso, deveremos tomar mais uma série de depoimentos de pessoas ligadas às duas entidades. Isso para termos certeza sobre a responsabilidade subjetiva, para sabermos o que estava por trás desse tipo de procedimento, que resultou no descumprimento de uma ordem expressa do governador. E dentro de algumas semanas enviaremos as conclusões ao Ministério Público", ressaltou Castilho Neto.
Para o governador Requião, com essas investigações a Corregedoria tem cumprido a sua obrigação. "Esse é um assunto pesado, uma irregularidade ocorrida neste governo. É terrível que seja assim, mas nós temos que apurar a responsabilidade sobre esse fato. As administrações públicas não são isentas dessas barbaridades. Agora, o que não podemos é aceitar passivamente que essas coisas fiquem como estão e que não se tome nenhuma providência", concluiu. (informações Assessoria de Comunicação da Secretaria Especial de Corregedoria e Ouvidoria Geral)