Ingo Hubert foi acusado pelo senador Roberto Requião (PMDB) e por deputados estaduais do PMDB de ter aplicado recursos da Copel em três "projetos suspeitos" da Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia). Em nota oficial, a Copel admite os investimentos, mas nega que eles sejam irregulares.
Segundo o senador, a Copel destinou R$ 13,98 milhões para a Usina Hidrelétrica de Eduardo Magalhães, no Rio Tocantins; projeto Agropecuário Nova Holanda, no Pará, e programa Tenusa, indústria alimentícia do Mato Grosso. Requião apontou ainda como "mais grave" a aquisição de ações da Usimar Componentes Automotivos S.A, empresa do Maranhão que está sendo investigada por suspeita de fraude em outro projeto da Sudam.
"É um absurdo a Copel desviar dinheiro para engordar boi no Pará, construir hidrelétrica no Tocantis, fabricar biscoito no Mato Grosso e peças de automóveis no Maranhão", acusou, com ironia, Requião, ao classificar de "irresponsável" a atitude da companhia de energia do Paraná.
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O presidente da Copel rebateu as críticas e acusações. Ingo Hubert disse que toda a operação é justificada pela lei de incentivos fiscais para o Norte e Nordeste. Ele explicou que a lei tributária brasileira permite que as empresas possam destinar parte do dinheiro que pagariam como imposto para aplicações em projetos das regiões Norte e Nordeste, sendo proibido a mesma operação para o Sul do País.
Assim, a Copel optou pela destinação de R$ 13,98 milhões a projetos agroindustriais na região Norte. Em nota oficial, Ingo Hubert disse que se não investisse teria de pagar o equivalente em impostos. O dinheiro chega às empresas nordestinas ou do Norte como "investimentos".
Em relação ao projeto industrial Usimar, a Copel informou que tomou conhecimento da possibilidade de investimento em agosto deste ano. A diretoria teria encaminhado um documento à Sudam para manifestar interesse em carrear parte de seu recolhimento de impostos para o projeto. A Copel diz que chegou a receber um ofício da Sudam, em setembro, que informava estar "regular" o projeto.
Mas logo em seguida surgiram as denúncias contra a Usimar e a Copel afirma que recuou. A companhia pediu mais informações à Sudam sobre as denúncias e aguarda resposta, diz a nota.
"Assiste à Copel plena liberdade de se desinteressar pelo projeto, desabilitando-se de a ele vir a reverter qualquer parcela de seus incentivos fiscais", diz a nota da Copel.
O jornal Folha de S.Paulo, no entanto, em sua edição de segunda-feira, afirma ter cópia de documento que comprova que a Copel autorizou em caráter "irrevogável" a aplicação de recursos na Usimar.