Empresários e políticos lançaram nesta sexta-feira a campanha pela transparência do Estado, com enfoque principal no resgate das ações da Copel. As ações da estatalno valor de R$ 415 milhões serviram como garantia ao Banco Central para caucionar precatórios recebidos pelo Banestado e não resgatados pelos Estados de Santa Catarina, Alagoas, Osasco e Guarulhos. O governo federal exigiu a caução no saneamento do banco para futura privatização.
Elas deveriam ter sido resgatadas no dia 31 de dezembro de 1998, mas o Estado pediu uma dilação de prazo para o dia 31 de dezembro deste ano. "O Estado não tem qualquer opção. Ou consegue dilação de prazo, ou terá que resgatar as ações. Caso contrário, ele perderá o controle acionário da Copel para o Itaú - novo contralador do Banestado", alertou o senador Osmar Dias (PSDB-PR).
O valor atual das ações caucionadas, de acordo com os cálculos feitos pela assessoria do senador tucano, estaria em R$ 654 milhões, o correspondente a 32,92% do total das ações do Estado com direito a voto. Se perder estas ações. o governo fica com apenas 25,68% destas ações. "Até mesmo a privatização ficaria inviabilizada", considerou Osmar.
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O Estado tenta uma negociação com a diretoria do Itaú para pagamento da dívida em 2001. Mas até agora, não se chegou a qualquer tipo de acordo. "Sempre há uma composição. Não vamos perder o controle acionário da Copel", garantiu o ex-governador Jayme Canet, que se disse a favor da privatização da Copel, mas a longo prazo.
A grande preocupação dele é com a condução do processo de moralização do Estado. "Eu me preocupo mais com a parte moral. Temos que resgatar a moral do Estado. É mais importante do que ficar discutindo valores", salientou Canet.
O também ex-governador Emílio Gomes também disse estar preocupado com a situação financeira do Estado. "É lamentável que o Estado esteja nesta situação. Temos que encontrar uma saída para satisfazer os paranaenses", complementou. O presidente da Associação Comercial do Paraná (ACP) - entidade que está promovendo a campanha, Marcos Domakoski, disse que a intenção é fazer um movimento apartidário, com vistas no resgate da moralidade.
Osmar Dias se colocou à disposição do governador Jaime Lerner para servir de interlocutor nas negociações com a diretoria do Itaú. "Se o governador quiser, eu me sento na mesma mesa que ele e seus técnicos e discutimos uma saída para tudo isto. Com ou sem a presença da imprensa", salientou.
O senador lembrou ainda que o Estado passa por grandes dificuldades econômicas. Em 1995, a dívida pública seria de R$ 1,9 bilhão e passou,em 2000, para R$ 13,4 bilhões. "Esta situação não vai acabar bem", insistiu ele.