A possível punição do ex-governador do Ceará Tasso Jereissati se transformou um problema para o PSDB. Nesta quarta-feira, Luís Paulo Vellozo Lucas, coordenador de campanha de José Serra, propôs a convocação do Conselho de Ética do partido.
Ele estranhou o fato de Tasso ter divulgado, na última terça-feira, uma carta anunciando que não participaria da campanha presidencial, e depois aparecer ao lado de Ciro Gomes, candidato do PPS, em Fortaleza. ''Foi uma atitude frustrante e absurda'', disse Vellozo Lucas.
O presidente da Comissão de Ética, ministro do Desenvolvimento Agrário, José Abrão, admite consultar a direção do partido tucano. Abrão acha, porém, que não é o momento de fazer convocação.
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Pelo artigo 165 do estatuto do PSDB, qualquer filiado pode fazer a representação. Mas a Executiva Nacional do partido terá que examinar a admissibilidade da proposta. E cabe ainda à Executiva aplicar ou não a punição que vier a ser recomendada pelo Conselho.
O Conselho de Ética está dividido sobre a questão. Dos sete titulares, três manifestaram-se contra a convocação. O presidente, José Abrão, o deputado Luís Carlos Hauly (PR), e Vicente Caropreso, presidente do PSDB no Estado de Santa Catarina.
Caropreso enfrentou pressões dos tucanos catarinense para apoiar a candidatura de Esperidião Amin, do PPB. Considerou ''imprudente'' tomar atitude sem nova tentativa de conversa com Tasso.
Luís Carlos Hauly (PR) e o deputado Vicente Arruda (CE) defendem a convocação do Conselho de Ética. ''Se houver a formalização da denúncia sou a favor da convocação'', defende Hauly.
Também o presidente do PSDB, José Anibal (SP), e o coordenador da campanha de Serra, deputado Pimenta da Veiga (MG) - ex-aliados de Tasso - manifestaram-se contrários à convocação para não atrapalhar a campanha.
José Anibal acredita que o assunto já está esgotado. O secretário-Geral do PSDB, deputado Márcio Fortes (RJ), considerou um ''absurdo'' falar em convocação de Conselho de Ética em plena campanha. ''Isso não dá voto e pode paralisar a campanha'', avaliou.
Para Fortes, a posição de Tasso não pode ser avaliada na ''vala comum do resto dos mortais''. Segundo ele, o fato de Tasso apoiar Ciro é uma ''questão regional e ponto final''. Fortes diz ter conversado com José Serra. ''Ele não é a favor da convocação'', garante.
O líder do PSDB na Câmara dos Deputados, Jutahy Magalhães (BA), nega a possibilidade de convocação do Conselho. ''Essa proposta é uma posição pessoal de Vellozo Lucas'', diz.
Jutahy admite existir uma ''indignação generalizada'' no partido com o comportamento de Tasso. ''Ele ficou muito mal, mas o melhor é tocar a campanha em frente'', ensina.