O PSOL está questionando no Supremo Tribunal Federal (STF) a legalidade do político, com mandato eletivo, poder ser dono de rádio ou TV, concessões do Estado. O partido entrou com uma ação, denominada de Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF), para que o Supremo declare se a propriedade pelos políticos é constitucional ou não. Levantamento feito pela Intervozes, uma entidade civil voltada para a liberdade de expressão, identificou 41 deputados e sete senadores sócios ou associados de pessoas jurídicas outorgadas de radiodifusão.
O cruzamento foi feito com base em pesquisa no sistema de registro da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) e a declaração de bens dos candidatos entregue nos Tribunais Regionais Eleitorais e no Tribunal Superior Eleitoral. Esse número é maior se forem considerados parentes em primeiro grau e participações indiretas. Nesse caso são 52 deputados e 21 senadores, segundo estudo feito pela Transparência Brasil.
"É um coronelismo eletrônico", afirmou o líder do PSOL, deputado Chico Alencar (RJ). O deputado Ivan Valente (PSOL-SP) disse que o político que tem a concessão faz uso dela para se reeleger. "Existe um grande privilégio de quem detém e se beneficia de uma concessão de serviço público. Há uma deturpação do processo eleitoral, o favorecimento do Estado a políticos e partidos e implica conflito de interesse e benefício político", afirmou Valente.
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Os advogados da Intervozes, Fernando Amaral e Bráulio Rabelo de Araújo, responsáveis pela ação, consideram que a propriedade de concessão por políticos representa flagrante desrespeito à Constituição. "Os meios de comunicação têm papel democrático e não podem ser controlados por quem eles têm a função de fiscalizar", afirmou Amaral.
A ação pede, em caráter liminar, que o Poder Executivo não outorgue ou renove concessões, que o Legislativo não aprove as concessões nem dê posse aos parlamentares eleitos que sejam donos de rádios e que o Judiciário não diplome os políticos que sejam sócios das empresas. "Há uma omissão concreta dos três Poderes frente à renovação, autorização e concessão e outorgas", afirmou Bráulio Rabelo de Araújo.