A reforma do sistema político voltou à agenda de debates do Congresso na semana passada, com a realização de um seminário de três dias na Câmara dos Deputados, e terá continuidade com um seminário nacional nas próximas terça e quarta-feiras no Senado, promovido pelo Interlegis.
Curiosamente, os cientistas políticos e sociólogos que participaram do seminário na Câmara estão céticos quanto à aprovação da reforma política ainda no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, enquanto os políticos trabalham com uma reforma apenas parcial.
''Alguma coisa vamos aprovar'', disse o presidente da Câmara, João Paulo Cunha (PT-SP) numa das três reuniões com lideranças partidárias que convocou pra tratar do assunto.
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O sociólogo Carlos Pereira, da Universidade Cândido Mendes, se declara pessimista ''diante de um cenário que não propicia a formulação e implementação de uma reforma política digna de ser chamada assim''. Os argumentos do sociólogo foram compartilhados pela maioria dos expositores e debatedores do Seminário.
O professor David Fleischer, da UnB, supõe que o tempo dessa reforma foi suplantado pela agenda que deu prioridade às reformas previdenciária e tributária. ''Neste ano, nem pensar; em 2004 também não dá para fazer nada: será ano eleitoral. Talvez em 2005, se o governo estiver forte, ou então teremos de esperar 2007, o primeiro ano do sucessor de Luiz Inácio Lula da Silva. Em 2006 teremos eleições presidenciais e gerais no Estados e ninguém muda nada num ano desses'', sustenta Fleischer.