Ânimos exaltados e bate-boca entre vereadores da situação e oposição marcaram a audiência pública de prestação de contas da Prefeitura de Curitiba -referente ao exercício de 2002-, realizada nesta sexta-feira na Câmara Municipal. O clima ficou tenso depois que o presidente da Comissão de Economia, Finanças e Fiscalização, vereador Luís Ernesto (PSDB), decidiu cancelar a sessão cerca de 45 minutos antes do horário previsto para o término, alegando que o líder da oposição, vereador André Passos (PT), estaria tentando tumultuar a audiência ao fazer um comentário de cunho político e não técnico. Cerca de 400 pessoas participaram da reunião.
Passos alega que fez um ''comentário positivo'' em relação às considerações do secretário de Finanças em exercício, João Luiz Marcon, quando ele falou sobre a escassez de recursos para os municípios e a necessidade da reforma tributária. O vereador admite que chegou a fazer referência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas que não teve intensão de levar a discussão para o lado político-partidário. ''Não fiz nenhuma colocação desrespeitosa'', defendeu-se.
O líder da oposição disse que, informalmente, já solicitou ao presidente da Câmara Municipal, vereador João Cláudio Derosso (PSDB), que haja continuidade na audiência. Passos entende que a discussão da prestação de contas ficou prejudicada. Ele dirigiu três perguntas a Marcon, que ficaram sem resposta. O vereador questionou uma provável insuficiência de caixa de R$ 71,1 milhões, enquanto a prefeitura divulga superávit de R$ 6,1 milhões. Também perguntou sobre os investimentos previstos e efetivamente realizados e quanto à dívida consolidada que, segundo ele, teve um crescimento de 48,91%, passando de R$ 366,6 milhões, em 2001, para R$ 543,5 milhões, em 2002.
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Luís Ernesto afirmou que Passos começou a ''resmungar'' no microfone, sem pedir a palavra e foi alertado de que não seria admitido tumulto. ''Eu disse que não gostaria que a audiência virasse uma discussão política-partidária. Ele continuou reclamando e eu encerrei a sessão'', declarou.
O vereador Luís Ernesto, que é líder do PSDB na Câmara, acredita que não seja possível a realização de uma nova audiência, mas garantiu que vai verificar a legalidade de uma nova convocação. Caso seja possível, o assunto será colocado em votação numa próxima reunião da Comissão de Finanças, que deverá acontecer no próximo dia 11. ''Se não tivessem tumultuado, poderíamos ter aprofundado a discussão. Mas não vão faltar oportunidades'', concluiu.