Dentre os vários pitos que recebi um me chamou mais a atenção: "Chris" me acusava de ser contraditória. De escrever que odiava uma bolsa e em outro momento que a amava. Pensei horas sobre isso, mas não sobre minhas contradições. Essas tenho certeza de que as cometo e assim quero continuar pelo resto de minha vida.
O que seria do mundo se as pessoas não mudassem de idéia? Não seria tudo um saco? Que seria do mundo se as mulheres não cansassem de ser oprimidas e com idéias novas resolvessem sair do armário? Que seria do mundo se os homossexuais reprimidos de outrora não mudassem de idéia e resolvessem assumir publicamente suas preferências??
O mundo seria pura hipocrisia. Mais ainda do que já é.
Sem querer justificar minhas oscilações de pensamento, mas fazendo isso, amo os contraditórios. Amo Paulo Francis. Um grande contraditório que deixou uma das maiores lacunas na imprensa brasileira. Amo quem muda de idéia o tempo todo.
Quem viaja para passar uma semana em Paris e acaba indo para o Marrocos só para dar uma conferida em outra cultura. Amo quem era loira e resolveu ficar morena. Amo quem era casado e resolveu separar ou ao contrário quem era celibatário convicto e casou. Quem era careta e começou a cair na gandaia. Quem deixou de ser vegetariano e se jogou em cima de churrasco e por aí vai...
Só não amo quem não admite que os outros sejam como querem. Em 2004 o principio deve ser "LIBERDADE". Se o presidente toma um drinque o que nós temos que ver? Se ele cuidar bem do País, o resto é problema dele. O âmbito pessoal não interessa a ninguém. Diz Caetano "não importa com quem vou se deita". É bem por aí.
O que seria do mundo se o homem não resolvesse se cansar de andar a cavalo e inventasse a roda? E o computador então? E a televisão? Todas as invenções importantes da história vieram da cabeça de loucos, contraditórios. De gente que quer mudar. Que muda e que, de tanto transitar pelos caminhos das idéias e hipóteses, acaba fazendo diferença nessa existência. E é para isso que estamos aqui para fazermos alguma diferença. Não para agradarmos o tempo todo e tampouco para sermos desagradáveis. Estamos aqui para mudar. Para evoluir. É um princípio básico. Evoluir. Crescer. E aceitar que os outros mudem. Essas são as delícias ver que tudo é mutável. Ainda bem.