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A QUARTA TAREFA DE PSIQUE-o sombrio processo psíquico

28 nov 2011 às 19:39
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A quarta e última tarefa de Psique consiste em descer aos Infernos, ao mundo de Hades, e receber de Perséfone, a rainha infernal e guia das almas, uma caixinha que contem o ungüento da beleza e juventude eternas.

Hades simboliza as riquezas subterrâneas da Terra e entre elas se encontra também o império dos mortos. Descer aos infernos significa explorar as riquezas dos conteúdos inconscientes.

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Perséfone é a Rainha dos Infernos e guia das almas. Ela é o aspecto do feminino que possui a capacidade ou a potência de transitar nos dois níveis ou dois estados, sejam eles, consciência e inconsciência.

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Junto a Perséfone se encontra a caixinha da beleza eterna ou da juventude eterna. Juventude é o período que antecede a maturidade sexual. Onde o corpo está em sua forma mais pulsante em relação à ocupação de sua existência.

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A beleza é uma experiência, um processo cognitivo ou mental que se relaciona com a percepção das formas ou daquilo que agrada o indivíduo ou grupo que a experimenta. Dessa maneira podemos verificar que aquilo que existe em comum entre os dois conceitos é a intensidade. De modo que, em última instância, Perséfone tem a posse da experiência repleta de intensidade, relacionada à vida e a morte.


Desta vez, Psique recebe orientação da Torre:
"Deverá levar duas moedas e dois pedaços de pão de cevada. Deverá recusar prestar ajuda a um homem coxo. Uma das moedas dará a Creonte, o barqueiro que faz a travessia do rio Estige. Deverá recusar salvar um homem que está se afogando. Não deverá se intrometer com as três tecelãs do destino. Uma fatia de pão deverá jogar a Cérbero, o cão de três cabeças e guardião dos portais do Inferno. No caminho de volta, o procedimento será o mesmo. Deverá recusar comer qualquer coisa no reino dos mortos, a menos que seja uma comida simples como a fatia de pão de cevada que está levando. Perséfone, que recepciona com fartura, desejará lhe compartilhar seu vasto banquete. Você deverá recusar a fartura e sentará, de modo simples, ao chão e não junto à mesa."

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O rio Estige é um rio que circula continuamente pelos reinos dos vivos e dos mortos. O rio por si só, representa o fluxo da vida cujo curso d’água é a corrente da vida e da morte. A descida ao Hades é o confronto com a sombra, a subida posterior é a renovação do ego mais potente devido ao confronto e a assimilação do conteúdo sombrio que se fez consciente.


A energia psíquica também faz um caminho semelhante ao do rio Estige. No aparelho psíquico, a energia psíquica o atravessa da consciência ao inconsciente e deste para aquele. Os conteúdos daqui são levados para lá e vice-versa. Nesse processo, os conteúdos são modificados quer seja pela consciência quer seja pelo inconsciente e ou ambos. Origem das diferentes sensibilidades e realidades psíquicas.

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Permanecer em uma das margens representa estar na dicotomia que é a origem de todos os preconceitos e das intolerâncias com a diferença. Estar no fluxo do rio significa ter abandonado essa postura alienada e saltar para a vida, para o inusitado, para o acolhimento à multiplicidade, o arco-íris de todas as cores e possibilidades.


Este é o primeiro desafio de Psique nessa jornada da quarta tarefa. A morte sempre estará presente para o ego que se atreve a escolher o fluxo do rio ao invés de se manter no território seguro de alguma de suas margens. Os seus valores dicotomizados morrerão e o que advir dessa morte será uma consciência muito mais abrangente e sensível. E para quem viveu sombriamente por longo tempo, pode não agüentar tanta luz.

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O barco que viaja pelas águas do Estige tem por função transportar as almas dos mortos para o Além. Psique está vivendo uma morte. Talvez, ela esteja morta, por que o espírito que a motivava e que era vivido através da figura de seu amor, agora não mais está presente. Sua jornada consiste em resgatar esta animação e se dar conta de que tal poder é seu, de modo que com ou sem o seu amor, ela estará motivada por si mesmo.


Psique nos conduz ao caminho para o tesouro interior. Por enquanto, a Torre o dirá.
A Torre representa o desejo ascensional do homem. Primeiramente, ela foi construída para elevar a mente humana e proporcionar a descida dos deuses de modo a assegurar a intercomunicação entre o reino dos homens e o reino dos deuses. Consoante a isso, a Torre foi concebida para restaurar a união entre conteúdos cerebrais e intelectuais com os conteúdos primários e, por isso, mas não menos importantes, instintuais e selvagens.

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Considera-se que o aparelho psíquico é atravessado pela vida, uma única energia vital ou psíquica, sem qualquer divisão entre espírito e matéria, feio e bonito, bem e mal, de maneira que há uma interação das forças que o pensamento dicotômico divide entre superior e inferior.


A Torre, a princípio, admite a interação dessas forças, sem a divisão. No entanto, se houve a necessidade da construção da torre é por que anteriormente existia a dicotomia. Nesse sentido, se o indivíduo permanecer na torre sem que haja interação com os instintos, pode perder o contato com eles e, por extensão, com os seus semelhantes e com o seu próprio aspecto instintual.

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Esta postura é comumente denominada de narcísica quando o indivíduo se coloca, isoladamente, no alto de uma torre. O que, claro, fere a liberdade e a autonomia do sujeito. Existe um aprisionamento psíquico quando se coroa como rei uma idéia ou uma atitude quer seja ela psicológica, religiosa ou filosófica a fim de se elevar acima da espécie humana.


O desejo ascensional levado às suas últimas conseqüências possui o indivíduo de tal modo que este se sente empolgado com a idéia da morte por que, em sua fantasia, deixará de habitar a terra onde os habitantes lhe são desprezíveis para se juntar aos deuses ou aos anjos da qual ordem se sente pertencer.


É nessa situação que Psique se encontra quando pensa em se suicidar por acreditar na impossibilidade de realizar sua difícil tarefa. Uma tarefa que é oposta ao desejo ascensional posto que deva descer às entranhas da terra, ao mundo dos instintos e da realidade de finitude e morte.


Para a travessia deverá levar duas moedas e dois pedaços de pão de cevada. As moedas servirão para pagamento ao barqueiro Creonte, tanto na ida quanto na volta e os pedaços de pão de cevada servirão para confundir Cérbero, o cão de três cabeças e guardião do Hades. A outra parte Psique comerá dentro do Hades para evitar ali se fartar.


Mergulhar no inconsciente requer cuidados e simplicidade, sem afetação, sem muita "sede ao pote". Não se fartar e se sentar ao chão. Não se deixar levar por tanta fartura e nem se fazer importante no banquete servido no inconsciente que é extremamente sedutor. Ele pode tomar o ego desavisado e este se perder em suas fantasias e delírios advindos da fartura e do orgulho do ego.


Aqui, neste contexto, a moeda representa o dinheiro que, por sua vez, representa o dispêndio de energia psíquica para efetuar tanto a descida ao inconsciente quanto a subida para a consciência. Não é sem disponibilizar uma grande quantidade de energia psíquica que o indivíduo trabalha seus conteúdos e seus processos psíquicos. Para dar conta de um processo psíquico que trata de conteúdos submersos no inconsciente, se requer do indivíduo uma quantidade extra de energia psíquica.


O barqueiro representa o aspecto do animus como psicopompo. É o arquétipo do masculino que propicia o tráfego de conteúdos psíquicos, quer seja indo da consciência para o inconsciente quer seja indo do inconsciente para a consciência.


O pão é símbolo do alimento essencial. O pão ázimo, do qual se compõe a hóstia, representa a aflição da privação, a preparação para a purificação e a memória das origens. (Dicionário de Símbolos, Jean Chevalier e Alain Gheerbrant, 682 – 1989 -2ª edição).


A purificação não é a brancura e a pureza da qual fala os textos bíblicos, mas sim o acesso, de modo inocente ou,melhor, sem culpa, à vermelhidão da vida, aos afetos e afetações. A aflição da privação não é fazer o voto de pobreza, mas sim a constatação da finitude. E a memória das origens, nesse contexto do mito, equivale ao processo de reconhecimento de onde veio e para onde vai.


O pão de cevada, com tais atributos, alimenta Cérbero e Psique. O que se constitui num ritual de aquisição dos mistérios para Psique.


Em diversas culturas, por exemplo, Anúbis no Egito antigo, o cão possui familiaridade com o invisível; é intercessor entre um mundo e outro e atua como intermediário entre os vivos e os mortos e ou entre vivos e os deuses subterrâneos. Ele é o representante da sombra. Do que há de sombrio em nossa mais profunda psique. Por isso tem três cabeças, para demonstrar sua imensa agressividade e poder de abocanhar e estraçalhar toda e qualquer pessoa que passe por seus portões e domínio.


Veja se não é por vingança, medo, ira, desprezo, ódio e impotência que as pessoas, desde tempos imemoriais, buscam conversar com os mortos e ou com os deuses subterrâneos para dar cabo ou andamento a alguma situação sombria.


Pois bem, nessa jornada do processo de individuação, Psique terá de se despojar dessas emoções descontroladas e descabidas e ludibriá-las se utilizando de privação, por que não se deve alimentar a sombra com muito, sempre com pouco para que não morra, mas também para que não se torne robusta; purificação, encontrar a inocência na própria situação sombria e não se dilacerar em culpa; adquirir a memória das origens de sua vida sombria ou de seus desejos e anseios sombrios.


Continua no próximo texto-para maiores informações: [email protected]


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Livros consultados:
JUNG, CARL GUSTAV - O Eu e o Inconsciente - Ed. Vozes - 1984 - Petropolis - RJ
_________________- A Natureza da Psique - Ed. Vozes - 1985 - Petrópolis - RJ
BRANDÃO, JUNITO DE SOUZA - mITOLOGIA gREGA - Vol.II - Ed. Vozes - 9ª edição- 1998-RJ
CAMPBELL, JOSEPH - O Poder do Mito - E. Palas Athena-1ª Edição - 1990 - São Paulo -SP


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