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Allan Sieber e seu ''jornalismo gráfico''

30 set 2009 às 12:16
Autor gaúcho, radicado no Rio, continua com o lápis afiado - Reprodução
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Lançamento da Desiderata reúne experiências do autor gaúcho com seu tradicional humor crítico e corrosivo

Curitiba - Nem todo mundo tem a habilidade de transformar momentos constrangedores, seja os próprios ou de ''vergonha alheia'', em humor, ainda mais gráfico. E pouca gente prefere rir de si próprio, de exaltar sua própria faceta ridícula, de contar aquelas histórias que estariam melhor no esquecimento, em prol da arte. Bem, uma delas é o gaúcho Allan Sieber. Ele desacata autoridades, pisa em celebridades, insulta amigos mas não perde a piada e, acima de tudo, diverte com suas experiências autobiográficas, com seu ''jornalismo tendencioso e ficcional''. Mais um apanhado do material do artista está disponível no álbum ''É tudo mais ou menos verdade'', lançado pela Editora Desiderata.

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A ironia já começa no título: Sieber alfineta a crescente onda de quadrinhos jornalísticos - seara em que Art Spiegelman (Maus), Marjane Satrapi (Persépolis) e Joe Sacco (Palestina: Uma nação ocupada) são consagrados - e expõe sua própria experiência nesse estilo narrativo. O álbum coleciona produções inéditas e material já publicado em revistas estrangeiras e nacionais, como Piauí, Trip, Sexy e Playboy, além de jornais e edições mais ligadas ao universo underground, onde o autor faz questão de manter raízes, a exemplo de Tarja Preta, Matanza Comix, entre outras.

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É impagável, por exemplo, ler a ''cobertura'' de Sieber em sua passagem pelo Fashion Rio. O ''repórter gráfico'' transforma todo seu mau-humor e olhar crítico em sequências capazes de arrancar risadas até do mais sisudo fashionista. O olhar blasé de uma jornalista de moda (a quem o autor chama de ''cabeça de playmobil''), as extravagâncias nos desfiles, a exagerada vaidade das modelos, tudo se transforma em quadros hilários. Em um tom ácido, diga-se de passagem, o que pode invariavelmente ferir um pouco o ego de quem quiser vestir a carapuça.

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Sieber conhece suas limitações e qualidades e por isso consegue resultados cômicos. Apesar do jeitão tosco, sem muitas firulas na arte ou preocupação estética com narrativa, consegue transformar o banal em comédia, bem no estilo ''é engraçado porque é verdade'', a partir de sua habilidade de contar esses episódios com o pincel.


O álbum da Desiderata também merece elogios devido à preocupação editorial específica para os quadrinhos, coisa rara, já que a maioria trata o setor como um subgênero da literatura. A editora teve o cuidado de escolher gramatura e tipo de papel apropriados para o preto-e-branco e para o colorido.

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COURTNEY CRUMRIN & O PACTO DOS MÍSTICOS


Em tempos de sucesso da literatura infanto-juvenil fantástica, fica difícil encontrar originalidade nas prateleiras. Talvez porque essa não seja a qualidade que os leitores procurem e sim a identificação com o protagonista, a criatividade com que o autor lida com os já conhecidos elementos dessas propostas. Courtney Crumrin, de Ted Naifeh, segue essa linha, bastante explorada por J. K. Rowling e seu Harry Potter nos últimos anos: a de divertir evocando e misturando mitologias e fábulas.

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''Courtney Crumrin & o Pacto dos Místicos'', lançado por aqui pela Devir Livraria, narra a aventura gótica da pequena bruxinha diante de seres assustadores e poderosos. Tudo com aquela dose de doce inconsequência adolescente misturada com elementos sombrios e curiosos, intrigantes, especialmente para os mais jovens.


Naifeh não traz nada de novo em termos de conteúdo mas consegue envolver devido a um pequeno detalhe, primordial para o sucesso de sua série, originalmente editada pela Oni Press nos Estados Unidos: ao invés de escrever contos de fadas modernos em forma de prosa ilustrada -como Neil Gaiman ensinou os artistas a transformarem em quadrinhos-, o roteirista e desenhista enquadra as travessuras de Courtney em narrativa da nona arte.

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O resultado é um suspense gráfico interessante, já que os leitores vão se familiarizando com uma boa amálgama de um texto sugestivo e arte em busca do suspense visual, influenciado por filmes do gênero. Essa é a grande qualidade da edição, que excita a imaginação em quadros de notável criatividade gráfica, sem ser redundante.



POP-UP

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Coluna de cultura pop que assino quinzenalmente na Folha de Londrina.



Artes gráficas
As editoras Alícia Ayala e Janara Lopes acabam de lançar a 13ª edição da ótima revista Idea Fixa, especializada em artes visuais. Cada número tem um tema em destaque e neste foram selecionados trabalhos sobre ''Tipografia''. Sediada no site www.ideafixa.com, a publicação recebeu desta vez o maior número de colaborações nos três anos de existência, com material de 55 artistas, entre tipógrafos, designers, calígrafos, ilustradores e fotógrafos. A capa conta com uma homenagem ao famoso artista plástico Tide Hellmeister. Em tempo: Alícia e Janara estão recebendo até o dia 30 de novembro produções sobre ''Nostalgia''.

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Mais vampiros
Decepcionante o episódio-piloto de estreia da nova série da CW (a mesma de ''Smallville''), ''Vampire Diaries'', exibido lá fora no início do mês e que chega na Warner Channel brasileira entre outubro e novembro. Mesmo baseada na trilogia da escritora J. L. Smith, que escreveu os livros a partir de 1991, a novelinha vampiresca abusa de forma constrangedora dos clichês já bastante explorados em ''True Blood'' e ''Crepúsculo''. O núcleo de atores, que dificilmente faria sucesso em ''Malhação'', também deixa a desejar. Pra quem gosta do gênero e se contenta em ver mais do mesmo em nível abaixo da média, deve agradar.



Motion comics
Os quadrinhos ''animados'', batizados de ''motion comics'' já vêm desde o início do ano, com episódios de ''Watchmen'', testando a experiência de leitura tátil a partir dos aparelhos iPhone, da Apple. E os resultados já começam a movimentar o mercado. O capítulo de estreia da série digital ''Spider-Woman: Agent of S.W.O.R.D.'', primeiro feito exclusivamente para ler em iPhones e compatíveis, ficou no topo das vendas de ''Televisão-Animação'' e em segundo de ''Episódios de Televisão'' da loja online iTunes. Empolgados, Marvel Comics e IDW já anunciaram mais projetos para breve, desta vez para o Playstation Portable (PSP). O assunto interessa aos grandes conglomerados porque dá pistas de como lidar com a nova interação entre o impresso e o digital. Por isso, aguarde por mais notícias sobre o tema muito breve.



Inimigos públicos
A Warner Home Video lança na semana que vem, nos Estados Unidos, e por aqui, no dia 23 de outubro, mais uma adaptação de quadrinhos para animações adultas em DVD e Blu-Ray. ''Superman/Batman: Inimigos Públicos'' é baseado no consagrado arco de histórias publicado na revista Superman/Batman, de autoria de Jeph Loeb e Ed McGuiness. Na trama, Lex Luthor se torna o presidente dos Estados Unidos e, diante da ameaça da destruição da Terra pela vinda de um meteoro kryptoniano, coloca a cabeça do Superman a prêmio por um bilhão de dólares. A partir daí, o desenho se torna um desfile de vilões e herois do universo DC Comics na busca pelo Homem de Aço e o Cavaleiro das Trevas, que usam todo seu arsenal de habilidades para combater os oponentes e impedir a colisão da pedra alienígena. Essa é a melhor da leva de produtos feitos para assistir em casa, superior até aos ótimos ''Lanterna Verde: Primeiro Voo'' e ''Liga da Justiça: A Fronteira Final''.



SERVIÇO



- ''É tudo mais ou menos verdade - Jornalismo investigativo, tendencioso e ficcional de Allan Sieber'' tem 128 páginas no formato 21 x 28 cm com capa colorida e interior preto-e-branco e colorido, a R$ 49,90.


- ''Courtney Crumrin & o Pacto dos Místicos'' tem 136 páginas com capa colorida e interior preto-e-branco no formato 16,5 x 24 cm e custa R$ 20,90.


O material citado acima pode ser encontrado em Curitiba na Itiban Comic Shop (Av. Silva Jardim, 845). O telefone de lá é (41) 3232-5367.


A maior parte dos textos publicados nesta coluna foi publicada na Folha de Londrina, tanto na versão impressa quanto na virtual.


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