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''Brasileirismo'' em quadrinhos

18 dez 2007 às 11:00

Uma página de A Boa Sorte..., acompanhado da capa e uma seqüência de Flávio Colin em Caraíba
- Reprodução
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Curitiba - O quadrinho brasileiro ainda não tem uma identidade tão homogênea e reconhecível por todo o tipo de leitor, como as produções estadunidenses, japonesas e francesas. E, se há uma ''cara'' tupiniquim em nosso mercado, ela pode ser vista em ''A Boa Sorte de Solano Dominguez'' e ''Caraíba'', ambas da editora carioca Desiderata, recém-comprada pela Ediouro.

''A Boa Sorte de Solano Dominguez'' se passa em Havana, em 1953, sob a ditadura de Fulgência Batista, em cenário semelhante ao das noites do malandro carioca, com mulheres fogosas sempre desejadas por um bando de marmanjos com chapéus e bigodinhos malfeitos. Lolita, filha virgem adolescente de Solano, causa alvoroço em Cuba, que cobiça moça tão formosa.

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O ''brasileirismo'' já se vê presente no próprio enredo: especialista em histórias com aquele clima de Nelson Rodrigues, Wander Antunes narra mais uma trama de época, da mesma qualidade que fez de seus trabalhos anteriores -a exemplo de ''Canalha'' e ''O Corno Que Sabia Demais e Outras Histórias de Zózimo Barbosa''- um sucesso por aqui e na Europa.

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O ambiente cínico e corrupto proposto por Antunes é traduzido de forma clara e convidativa por Mozart Couto. Artista experiente, que cresceu fazendo trabalhos para editoras nacionais nos anos 80, homenageia as ''catequeses'' do pornógrafo Carlos Zéfiro. Algumas passagens podem ser facilmente confundidas com uma história erótica nacional antiga.

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Já em ''Caraíba'', o ''brasileirismo'' não está somente no teor da história como na sua própria estética. O já falecido Flávio Colin talvez tenha um dos traços mais autênticos de nossa história dos quadrinhos. Uma mescla de influências dos quadrinhos norte-americanos com a própria xilogravura e folhetins nordestinos estão nos desenhos do artista, que soube usar como poucos no Brasil sua ilustração e narrativa em prol de uma poderosa e original ferramenta gráfica estilizada.


Caraíba, nascido num seringal do Alto Amazonas, tornou-se grande caçador de toda sorte de animais da fauna brasileira, e foi contratado pelo traficante de peles Ted Smuggler para ser seu fornecedor de matéria-prima. No entanto, o próprio folclore nacional atravessa seu caminho, na forma de Curupira e outros seres.

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A trama por si só já seria uma homenagem às raízes nacionais, com uma ''brincadeira'' entre aquela aventura selvagem tradicional de Tarzan com a rica variedade que o cenário brasileiro oferece. O controle do traço, cheio de detalhes em preto-e-branco, e o poder das imagens de Colin, que interpretou com muita propriedade alguns seres do folclore nacional, são algo para prestar bastante atenção.


Ambas as edições saíram com uma capa diferenciada, com alto relevo ao fundo de ''A Boa Sorte de Solano Dominguez'' e um adesivo plástico em relevo em ''Caraíba'', que também conta com um interessante apêndice, em que o próprio Flávio Colin discorre sobre quadrinhos, suas influências e reflexões, além do processo criativo.


Serviço - ''A Boa Sorte de Solano Domingues'' tem formato 21,5 x 28 cm, com capa colorida e grafismo em alto relevo e 48 páginas em preto-e-branco, a R$ 19,90. ''Caraíba'' tem formato 21 x 28 cm, com capa colorida e grafismo adesivado e 120 páginas em preto-e-branco, a R$ 34,90.

O material citado acima pode ser encomendado em Curitiba na Itiban Comic Shop: Av. Silva Jardim, 845. Fone: (41) 3232-5367.


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