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O garoto dos seringais

16 fev 2006 às 11:00
O versátil autor Lat centra sua história no aprendizado e travessuras do garoto Mat Som, que vive em um Kampung, que são vilarejos tipicos da Malásia - Reprodução
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Curitiba - O quadrinho autoral, na maioria das vezes autobiográfico, sempre traz relatos profundos, cheios de detalhes e sensibilidade. ''O Menino do Kampung'' não foge à regra e traz mais: enche os olhos do leitor com um pouco mais da cultura do sudeste asiático, quase desconhecida por aqui.

No final do ano passado, pouco antes do lançamento no Brasil, o editor da Conrad Editora, Rogério de Campos, havia adiantado do que se tratava: ''uma espécie de Mark Twain encontra Henfil''. Sim, ele está certo. Além da similaridade de suas produções com os dois autores, o criador de ''Menino do Kampung'', o versátil Lat, é um ''Henfil'' em seu próprio país, bastante prestigiado. E também fora: na França, por exemplo, o álbum vendeu mais de 100 mil exemplares.

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''O Menino do Kampung'' trata, essencialmente, do crescimento, do aprendizado, das travessuras do garoto Mat, que vive num kampung: um vilarejo típico da Malásia, com casas suspensas em meio a seringais. Banhos no rio, pescaria, estudos do Alcorão e a visão de um menino da aldeia passam a ser compartilhadas com o leitor, com um discreto bom humor. E, claro, inevitável a conclusão de que, apesar das diferenças, as lições que precisamos aprender para amadurecer nos tornam iguais, não importa em que lugar do planeta você esteja.

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Lat, aos 55 anos, pode ser desconhecido por aqui, mas é bastante prestigiado na Malásia e também na Europa, onde ganhou muitos fãs na França. O autor tem uma interessante história de vida. Aos 13 anos, convenceu um editor que era adulto e conseguiu publicar suas primeiras produções. Aos 16, era colaborador das tiras semanais do jornal Berita Minggu e aos 20 já havia terminado seu primeiro álbum, Tiga Sekawan.

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No entanto, seus trabalhos só emplacaram depois de ingressar na carreira de repórter policial. Explica-se: depois de terminar os estudos, ofereceu seu material para o jornal New Straits Times, o de maior circulação da Malásia, mas como a seção de cartunistas já estava ocupada, acabou agarrando a única vaga disponível, oferecida pelo redator-chefe. Lat gostou da experiência, que o ajudou a vencer a timidez, e, em 1974, finalmente conseguiu colocar seu material no periódico, antes de se tornar free-lance, com crônica política, ilustrações comerciais e de humor.


Os traços de Lat realmente remetem a Henfil. Econômicos, simples e muito expressivos. O autor asiático, porém, gosta também de rebuscar um pouco mais quando descreve graficamente estruturas pouco conhecidas pelos ocidentais, como a anjung, a sala de uma das casas de um kampung. A narrativa é bastante didática, lembra até mesmo livros escolares e infantis, propositalmente para fazer referência às crianças. A história é basicamente formada por cartuns com textos.

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O ponto positivo da edição da Conrad, fica por conta da boa escolha da letrista, a famosa Lilian Mitsunaga, que reproduziu com fidelidade a caligrafia original, que faz parte da estrutura do desenho de Lat e sua vontade de reproduzir como uma criança escreve. Além disso, o formato 21 cm x 28 cm também é ideal para valorizar o tipo de narrativa.


Liberdade - O mercado de quadrinhos nos anos 80 sofreu duro golpe e só sobreviveu graças à revitalização e ''humanização'' dos heróis com trabalhos inovadores, revolucionários e até transgressores de gente como Alan Moore, Neil Gaiman e Frank Miller. Isso amadureceu o setor na virada para os anos 90 e o resultado pode ser conferido em ''Liberdade: A Qualquer Custo'', republicado no Brasil pela Mythos Editora.

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A edição traz a luta de Martha Washington, uma jovem negra que cresceu na pobreza e começa a carreira militar para derrubar o presidente dos Estados Unidos, tirano que governa através de mentiras e do poder das armas (algo bastante atual, diga-se de passagem). Uma boa chance para os leitores apreciarem o trabalho de Miller pré-Sin City e de Gibbons pós-Watchmen.


Brazuca nos EUA - O mais novo material de Gabriel Bá (10 Pãezinhos) já é notícia nos Estados Unidos. A aguardada série mensal ''Casanova'', em que o ilustrador paulistano trabalha ao lado do escritor Matt Fraction, tem previsão de lançamento com um tipo de promoção bem-sucedida no mercado norte-americano.

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Recentemente, Warren Ellis (Authority) lançou, ao lado do desenhista Ben Templesmith (30 Dias de Noite), a história ''Fell'', com arcos fechados em 16 páginas e preço convidativo de US$ 1,99, contra os tradicionais US$ 2,95 das grandes editoras. ''Casanova'', com previsão para a primavera nos Estados Unidos (a partir do final de março), deve seguir essa tendência alternativa de publicação e venda.


Boa notícia no ''V de Vingança'' - A Warner Bros. divulgou no início da semana que a adaptação de ''V de Vingança'', clássico de Alan Moore e David Lloyd, levado às telonas por James McTeigue e os irmãos Wachowski (Matrix), teve alteração na data de estréia no Brasil.

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Anteriormente agendada para o dia 14 de abril, o longa será exibido a partir do dia 7, uma semana antes. Bem, além do enigmático ''V'', este colunista, assim como muitos fãs, não vê a hora de conferir Natalie Portman careca.


Serviço: ''O Menino do Kampung'', de Lat, é publicado pela Conrad Editora, com o formato 21 cm x 28 cm, com 152 páginas em preto-e-branco, custa R$ 35. ''Liberdade'', de Frank Miller e Dave Gibbons, sai pela Mythos Editora com formato americano e 208 páginas em cores, ainda sem preço definido.

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O povo quer saber: será que este ano rola Blankets no Brasil?


A revistas citadas acima podem ser encontradas em Curitiba na Itiban Comic Shop: Av. Silva Jardim, 845. Fone: (41) 3232-5367.

Música+Quadrinhos: Dresden Dolls+O Menino de Kampung


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