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Quadrinho nacional comemora 2005

22 dez 2005 às 11:00
O curitibano José Aguiar emplacou na Europa o álbum ''Ernie Adams'' em 2005. Para o próximo ano será lançado o segundo volume, em janeiro - Reprodução
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Curitiba - A temporada foi de ótimos e vários lançamentos, não só do material estrangeiro como também dos artistas nacionais. Quem assegura esse balanço são os próprios autores e editoras, que vêem crescimento do interesse do público por quadrinhos no Brasil e iniciam 2006 já com vários projetos engatilhados.

Lourenço Mutarelli, autor dos consagrados álbuns do detetive Diomedes, como ''O Dobro de Cinco'', lança já em janeiro o primeiro trabalho inédito em quadrinhos, ''Caixa de Areia'', depois de um período de ''seca'', pois o artista dedicou mais seu tempo nos dois últimos anos para outros projetos, como o teatro e o cinema. ''Caixa de Areia tem duas histórias paralelas que refletem sobre o indivíduo e o tempo, é uma autobiografia'', adiantou.

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Depois disso, Mutarelli terá um de seus livros, ''Cheiro do Ralo'', adaptado para o cinema, provavelmente em julho ou agosto. Ele também planeja escrever mais uma peça de teatro, um livro e um álbum de quadrinhos que ainda depende da compra dos direitos autorais do criador. Sobre o interesse do público brasileiro em seu trabalho, Mutarelli, que costuma ser pessimista com o mercado nacional, avalia 2005 como um bom ano. ''Não me animo muito, mas felizmente tenho meu público, que não cresce mas me prestigia.''

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Fábio Moon, que costuma trabalhar em parceria com seu irmão gêmeo, Gabriel Bá, esteve presente em três álbuns nacionais bem recebidos pelos leitores: ''Rolando'', ''Crítica'' e ''Bang Bang'', o último disponibilizado recentemente pouco tempo depois do lançamento nos Estados Unidos. Moon acredita que houve aumento do interesse e do consumo de quadrinhos no Brasil este ano. ''2005 foi melhor que 2004, desenhamos mais, publicamos mais. Acho que o público tem se interessado mais por quadrinhos porque hoje a variedade melhorou a qualidade das histórias. Antes, todo mundo queria fazer quadrinho brasileiro à la americano. Esses artistas que estão aí hoje não leram só isso, também viram filmes, leram outras coisas diferentes dos super-heróis'', refletiu.

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2006 promete ser um ano bastante intenso para a dupla, que vem se estabelecendo de vez no concorrido mercado norte-americano, após a versão da história ''Rock'n'Roll'' ser publicada pela editora Image nos Estados Unidos. ''Estou desenhando uma série mensal e o está fazendo 'Casanova', tudo pela Image. Estamos apostando no ritmo, vamos produzir com frequência para acelerar o reconhecimento (no mercado internacional)'', explicou.


O curitibano José Aguiar, que vinha produzindo tiras e emplacou ao lado do brasileiro Wander Antunes o álbum ''Ernie Adams'' na Europa, tem dois projetos engatilhados para 2006: o segundo livro de ''Ernie Adams'', previsto para janeiro no Festival de Quadrinhos de Angoulême, na França, e um álbum pela Devir, depois de vencer um concurso da editora.

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''Foi um ano de tiras que tentei oferecer mas não quiseram e acabei fazendo mais quadrinhos. Foi bom porque amadureci bastante profissionalmente'', avaliou. Sobre o aumento de interesse do público em quadrinhos, o autor acha que as intermináveis adaptações têm ajudado a popularizar a nona arte. ''Está abrindo o leque para o público. O problema é que os filmes que têm a ver com histórias de maior qualidade não despertam o interesse dos produtores, e eles procuram mais as histórias de super-heróis'', comentou Aguiar.


A editora Via Lettera, que neste ano apostou nos autores nacionais com ''Jaguara'', ''Rolando'' e ''Luciano'', tem previsão de lançamento de ''Vira-Lata'', uma série sobre o Carandiru; uma adaptação do filme ''Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver'', de Zé do Caixão; e pelo menos mais duas edições da coletânea tupiniquim ''Front'', além das consagradas norte-americanas ''Watchmen'', ''Bone'' e ''Love And Rockets''.

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''2005 foi melhor que 2004, as vendas cresceram 50%, acho que as pessoas estão mais folgadas em termos de grana. O retorno dos álbuns nacionais tem sido bacana'', afirmou a editora Mônica Seincman. Ela também acredita que o desenvolvimento artístico dos quadrinhistas ajudou a aumentar o interesse do público. ''As pessoas têm conseguido treinar mais e o preconceito de que quadrinhos é coisa de criança vai sendo vencido aos poucos. O cinema também ajuda a vencer esse preconceito.''


A Conrad Editora destacou-se na temporada por lançar material improvável de ser publicado por aqui há cinco anos, como ''Isaac, o Pirata'' e ''Modotti'', por exemplo. Além disso, a editora também apostou em autores brasileiros, como Marcatti. ''Lançamos vários autores que estão aí mas o pessoal não vê. O Gaú (Marcelo) tinha ganho prêmios e não tinha sido publicado. Assim como o Antônio Éder e o Jô de Oliveira. Não são best sellers, mas acho que a editora tem uma função social e quero publicar autores que têm uma visão diferente. Capitão América verde e amarelo não nos interessa'', disse o editor Rogério de Campos.

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Para 2006, Campos prevê a continuidade na busca por títulos que carregam a carga de ''quadrinho autoral'', como Kampung Kam, de Lat, da Malásia, uma espécie de ''Mark Twain encontra Henfil'', segundo o editor. Álbuns dos italianos Milo Manara e Guido Crepax, além dos trabalhos recentes do britânico Neil Gaiman e dos norte-americanos Harvey Pekar e Robert Crumb também estão nos planos para a próxima temporada. ''As bancas brasileiras só tinham patos e super-heróis. Estou interessado em mostrar outros lados'', explicou.


Campos acredita que a invasão dos quadrinhos japoneses (mangás) tem causado maior impacto do que o cinema no aumento do interesse do público pela nona arte. ''Os quadrinhos estão ficando mais adultos e os cinemas estão ficando mais infanto-juvenis. É fato que em Hollywood os filmes de mais sucesso nos últimos anos têm sido adaptações obras com características de quadrinhos, como Robocop, por exemplo. Mas o tipo de quadrinho de Hollywood é o tipo de quadrinho em decadência, nem a Marvel vai mais para a San Diego Comic Con (maior feira de quadrinhos dos EUA) porque o volume de quadrinhos alternativos e japoneses aumentou muito'', argumentou.

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Os mangás, aliás, são os produtos mais vendidos nos Estados Unidos e no Brasil atualmente, principalmente pelo grande volume produzido na Terra do Sol Nascente. ''Os quadrinhos japoneses pegaram um público muito mais amplo, como senhores, e, principalmente, mulheres. No mundo pelo menos metade dos leitores são mulheres, que lêem mais do que os homens. A leitura dos mangás já era intensa na Europa, chegou aos Estados Unidos e agora os brasileiros estão acompanhando'', concluiu.


As publicações dos autores e editoras citadas acima podem ser encontradas em Curitiba na Itiban Comic Shop: Av. Silva Jardim, 845. Fone: (41) 3232-5367.

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