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Quadrinhos independentes em 2006

05 jan 2006 às 11:00

Revista Mosh continua à todo o vapor e chega à edição número 9
- Reprodução
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Curitiba - O novo ano começa e os artistas e editores já conhecidos do grande público vêem 2006 com bastante expectativa, pois a temporada promete muitos lançamentos. Mas e o que acontece no underground, longe do mainstream, das bancas tradicionais? O pessoal nunca pára de produzir e segue publicando material independente e alternativo, com qualidade tão boa e até superior às revistas encontradas nas prateleiras do centro da cidade.

O editor e roteirista André Diniz, fundador do site www.nonaarte.com.br, que o diga. Já são mais de 400 histórias disponíveis online, tudo feito por gente que antes não tinha muita opção além de deixar o material nos limbos das gavetas. ''É uma solução maravilhosa. Não substitui o impresso mas hoje também só o impresso já não basta mais'', comentou. Há cinco anos, Diniz estruturou um grande arquivo virtual de histórias em quadrinhos justamente para superar obstáculos de publicação, como os altos custos de impressão e de distribuição, especialmente em um país tão grande como o Brasil.

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E o resultado está aí, com um arquivo permanente de histórias para todos os gostos. ''As histórias têm de mil a duas mil downloads e leituras online, mas às vezes ultrapassam essa média. As primeiras ultrapassaram 50 mil'', disse o editor. Este ano, o acervo deve aumentar para mais de 500 trabalhos disponíveis, inclusive com material de fanzineiros que vêm produzindo com qualidade e regularidade, como os nordestinos do ''Manicomics'', e também com artistas consagrados no passado, a exemplo de Mozart Couto.

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Diniz, que emplacou no ano passado o álbum ''Chalaça'', ao lado do curitibano Antônio Éder, adiantou que a Nona Arte deve também continuar com planos para o impresso, através do ''Informal'', jornal de quadrinhos com distribuição gratuita.

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Quem melhor pode falar do quadrinho alternativo é o mineiro Edgar Franco. Apesar dos 34 anos, o roteirista e ilustrador é veterano, participou das principais revoluções na linguagem dos quadrinhos brasileiros nos anos 80 e 90, período de efervescência na arte sequencial brasileira. ''Centenas de zines espalhados pelo Brasil de norte a sul, com grande liberdade e experimentação de linguagem por parte dos novos artistas que a cena viu nascer, um sem número de tendências como o expressionismo de artistas como Hermuche, Jamson Madureira, Ricardo Borges, Alberto Monteiro, ou a fantasia filosófica de Gazy Andraus e Flávio Calazans; o nonsense fantasista de Henry Jaepelt, o pós-punk visionário de Law, o dadaísmo neoconcreto de Amaral, a verve criativa e a versatilidade de Joacy Jamys, além de outras tendências fortes como a linha de artistas influenciados pelo universo do terror gore com talentos como Leonardo Muniz, RPC, Márcio Kurt, Baiestorf e ainda alguns roteiristas cerebrais e de muito talento como Marcelo Marat, Gian Danton'', lembrou.


Franco tem um traço único, que remete ao surreal, e costuma explorar teorias sobre a origem da vida e a morte, além de projetar a experiência dos homens com a tecnologia, de forma poética, o que não é visto pelas editoras como um trabalho de potencial comercial. ''A minha geração de quadrinhistas foi o produto de uma geração que experimentou muito no cinema, nas artes plásticas e nas HQs, sofremos influência direta de trabalhos contestadores, iconoclastas e inventivos, como as criações do movimento underground dos quadrinhos norte-americanos na década de 60 (Crumb, Shelton, etc), da geração da Metal Hurlant francesa dos anos 70 e 80 e também das HQs contestadoras brasileiras do Pasquim, de Henfil; do cinema de ruptura da Novele Vogue, Cinema Novo, ficção científica de vanguarda de Giger, Ridley Scott, Cronenberg, além de um pouco de resquícios do psicodelismo, da busca pela transcendência dos hippies e do anarquismo iconoclasta dos punks'', explicou o autor.

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O eco dessa época resiste no Brasil, de acordo com Franco. ''Temos atualmente alguns excelentes exemplos de resistência independente, publicando trabalhos genuínos, autorais e de qualidade como a editora Marca de Fantasia, capitaneada por Henrique Magalhães, publicando álbuns e livros de e sobre quadrinhos, com pequenas tiragens mas edições bem produzidas, o exemplo mais notório de editora alternativa brasileira. Algumas revistas alternativas do sul e sudeste como Mosh, Areia Hostil e Quadreca continuam vivas e fortes e prometem grandes surpresas para 2006. Muitas iniciativas também partem de quadrinhistas do nordeste como as revistas Manicomics e Prismarte.''


Para a temporada, Franco tem também projetos já em andamento. ''Estarei lançando a revista Artlectos e Pós-humanos pela nova editora independente MB e estou em busca de uma editora interessada em publicar o álbum Biocyberdrama II , feito em parceria com Mozart Couto. Tenho alguns outros projetos que prefiro manter em segredo até a finalização'', adiantou. Quem quiser conhecer mais do trabalho do mineiro, basta acessar os endereços do fotolog e do webzine do artista.

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Um grande foco de produção independente está no Rio de Janeiro, com a revista ''Mosh'', mix entre quadrinhos e rock'n'roll para conquistar não só os fanboys mas também aquele pessoal que gosta de ler e ouvir boa música mas não costuma ir nas bancas comprar um gibi. O trabalho tem na linha de frente os editores e desenhistas Lobo, Renato Lima, Fábio Monstro, Fábio Lyra e Vinícius Mitchell e os colaboradores Heitor Pitombo e Raphael Vinagre.


A próxima edição, a nona, já está disponível, com entrevista da banda The Feitos e custa R$ 3. Os pontos de venda estão no site, no www.revistamosh.com, e a revista também pode ser encomendada através da editora 2ab, no endereço www.2ab.com.br.


O álbum "Chalaça" e as edições da revista "Mosh" podem ser encontradas em Curitiba na Itiban Comic Shop: Av. Silva Jardim, 845. Fone: (41) 3232-5367.

Música+Quadrinhos: Fantômas+Quadrinhos de Edgar Franco


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