É quase final de junho e no próximo dia 3 estréia nos Estados Unidos o Men in Black 2. Isso me faz lembrar do que meu marido falou quando saímos do cinema depois de termos assistido ao Homem Aranha:
Estou cansado destes filmes que acenam com a perspectiva de uma continuação: Homem Aranha 2, Senhor dos Anéis 2, Harry Potter 2. Será que a gente não pode ter uma diversão honesta?
Não, não pode. Na indústria do entretenimento pouca coisa é, digamos assim, espontânea. Folheando a Vogue norte-americana de junho, dei de cara com a publicidade da continuação do "Homens de Preto". Só que a publicidade não era do filme em si, mas dos acessórios de moda que os agentes Kay e Jay estarão usando no seu guarda-roupa anti-ET. Portanto, prepare-se para nova casadinha da 7ª arte: veja o filme e compre a roupa. Hoje, roteirista que se preza não sai de casa sem um bom publicitário a tiracolo.
Ainda no território Vogue, e não que a tenha pegado para Cristo, veja o que é um editorial de moda honesto. Na edição brasileira de aniversário desta revista, decidiram unir-se ao Shopping Iguatemi, de São Paulo, para fotografar 10 das mais belas mulheres brasileiras, eleitas pelo voto do júri popular. Popular de popularidade, e não de povão. A idéia seria produzir uma capa dupla com todas estas mulheres, transformar a capa num mega-outdoor que ficaria pendurado na fachada do shopping e escrever um pouco sobre elas nas páginas internas da revista.
Dez é um número bacana, redondo, mas a revista chegou em 11 nomes, porque Gisele Bündchen teimou em aparecer em todas as listagens e foi a unanimidade do júri. Lidar com Gisele é um pepino. Ela não pôde aparecer na capa da revista e, para aparecer no interior, deram um jeito de fotografá-la com todos os seus longos e ainda loiros cabelos cobrindo-lhe o rosto e metida num modelito básico da C&A.
A coisa ficou tão destoante (afinal, Xuxa foi capa da revista e ninguém neste mundo me convence que Gisele é mais poderosa que Xuxa), que a Vogue se justificou sobre o "caso Gisele":
"O único problema ocorreu por conta da complexidade que é a vida de uma celebridade internacional, que tem compromissos com marcas e contratos de exclusividade que a aprisionam a certas posições."
Precisávamos desta explicação? Não, não precisávamos. Nós sabemos como funciona o esquema comercial. Afinal, parece que foi ontem que vimos o Rubinho ceder uma corrida para o Schumacher, a França vencer a Copa do Mundo e a Espanha ver anulados 2 gols em outra Copa do Mundo e o mesmo Schumacher perder o controle do carro quando encostava no Rubinho, numa corrida em que o brasileiro finalmente saiu campeão na terra natal daquele.