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Tempos modernos

Infidelidade virtual existe? Eis a questão...

Redação Bonde*
01 mar 2011 às 12:43

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- Reprodução
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A internet apresenta novas possibilidades de relacionamento. Ela permite o encontro e a descoberta no anonimato. Quando as pessoas estão anônimas, comportam-se em geral de forma mais livre e mais despojada de preconceitos e máscaras. Gostam de se expor deste modo. Podem fantasiar que são melhores do que são, e podem despir-se de inibições.

Encontrar pessoas pela rede e relacionar-se "intimamente" com elas traz para dentro de casa uma possibilidade nunca antes vivida. Casais que vivem frustrações no casamento encontram facilmente a saída rápida e segura para expressar suas fantasias e desejos, protegidos pela distância e pelo anonimato. A tela e o teclado tornam-se amigos concretos, o computador passa a ser o aliado. Substitui-se assim a ameaça do relacionamento real, e ele pode ser vivido sem riscos.

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Mas afinal de contas: o encontro pela internet é considerado infidelidade? Os adeptos dizem que não, pois se defendem com o fato de o relacionamento não envolver sexo real. Porém, se alguém é casado e investe energia, tempo, fantasia e romantismo em outra pessoa, está sendo fiel?

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A fidelidade e a infidelidade dependem do conceito que o casal tem delas, e do pacto de confiança que estabelecem entre si. Para alguns casais, infidelidade não é encontrar-se com outra pessoa, e sim apaixonar-se por ela. Para outros casais, o pacto inclui que eles viverão um com o outro, e se tiverem problemas terão que enfrentá-los dentro do casamento. Antes, vale a pena investigar o que cada um vai buscar no relacionamento virtual, e porque não encontra isto no mundo real, dentro de seu casamento.

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O que as pessoas buscam na web?


Romance, namoro, aceitação, fantasia, ilusão, anonimato, ausência de censura, partilha de sentimentos... A internet realiza alguns desejos incompatíveis com a vida cotidiana. Não há compromisso com a verdade. Ela dá vida aos desejos reprimidos. Cria um mundo de facilidades.

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A internet mudou o flerte. Se antigamente ele era ponto de partida para a aproximação do casal, é na palavra que se tem a mais poderosa arma de sedução nos dias de hoje. Há pessoas que dizem que "o erotismo on-line não traz novidade", que "se trata de mais um estímulo", como as revistas pornográficas ou um vídeo erótico. Por mais que um internauta engate em conversas em tempo real, fisicamente ele tem de se satisfazer sozinho. A diferença é que do outro lado alguém interage com ele e alimenta suas fantasias, e é esta interatividade anônima e a imprevisibilidade "protegida" que tornam este contato tão excitante.


O romance virtual é uma imitação quase perfeita do romance da vida real. O amante virtual, como não tem rosto nem identidade, é virtualmente perfeito, pois depende da imaginação de cada um. Mas se o relacionamento pela internet traz menos riscos, a vida real é mais difícil de ser encarada. Quando surge o desinteresse pelo parceiro, na vida real, é difícil romper. Na internet, quando surge o desinteresse, é só deletar o parceiro!

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O anonimato que se estabelece na internet permite que as pessoas se soltem mais, especialmente as tímidas e inseguras. Elas podem criar uma imagem de si que é a ideal, aquela imagem que elas gostariam de ter. Elas podem escolher o que querem ser, e mostrar-se ao outro do melhor modo que escolheram para si. Assim, sentem-se artificialmente seguras e podem, anonimamente, revelar-se nos seus desejos e fantasias, com mais coragem e desinibição. A internet transformou-se no maior serviço de encontros de todos os tempos, segundo o psiquiatra Alvin Cooper.


Quando a pessoa tecla tem a sensação de poder partilhar seus sentimentos. Na vida real, quando ambos estão frente a frente, este contato íntimo muitas vezes não se dá, pois, em muitos casos, o casal não tem a intimidade necessária para se expor nem a afinidade para compreender os sentimentos do outro. A intimidade é uma condição difícil de estabelecer para alguns casais, e falar de si para o outro nem sempre é possível. Falar de si atrás da tela é mais protegido, e isto explica o porquê de muitas pessoas se sentirem à vontade na Internet para contar coisas íntimas a desconhecidos.

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No mundo concreto, as pessoas se aproximam inicialmente por atributos superficiais diversos, e depois se descobrem mais profundamente à medida que o relacionamento evolui. No mundo virtual, elas se sentem atraídas pelas qualidades que vêem no outro, e só depois terão a oportunidade de se descobrir fisicamente. A questão é se as qualidades são reais. Às vezes são, e há vários relatos de pessoas que se aproximaram de forma bem sucedida e que estabeleceram relacionamentos duradouros iniciados on-line. Há bem menos relatos, porém, de que relacionamentos frutos da infidelidade virtual tenham tido o mesmo caminho.


Definir que a internet é prejudicial para os que buscam nela uma forma de relacionamento não abrange a motivação das pessoas que a usam. Há cientistas que afirmam que esta prática pode ser saudável. Usuários pesados, que praticamente só têm este tipo de contato, por outro lado, são pessoas que temem lidar com o sentimento de rejeição ou temem trocar afeto, enfim, têm inseguranças que os impedem de enfrentar o mundo dos relacionamentos.

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Justificativas


Sexo protegido, aventura, apimentar a vida sexual monótona, paixão, adrenalina, intimidade perdida, extravasar desejos reprimidos, refúgio? Seja o que for que o parceiro busca, ele está optando por resolver fora do casamento algo que não está encontrando no casamento.

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Todo o relacionamento tem um decréscimo de paixão e intensidade com o passar do tempo, e estes sentimentos são substituídos por outros decorrentes da convivência.


Se não se encontra algo no casamento, há vários caminhos a tomar: abordar a questão com o cônjuge, buscar aconselhamento com profissional, conversar com outras pessoas conhecidas do casal, que podem ter vivido algo semelhante e trocar experiências, ler, obter informações. A pessoa tem que ter consciência de que a responsabilidade sobre esta decisão é sua, e das consequências que isto traz ao relacionamento.


Fantasias sempre fizeram parte das relações matrimoniais. Mais cedo ou mais tarde um ou ambos sentem saudade de emoções que já não sentem. A rotina abre as portas para o tédio. Fantasiar é uma compensação para isto. É natural e não causa divórcio. Teclar com um desconhecido não é o mesmo que fantasiar, pois existe interação com outra pessoa. Estabelece-se uma relação entre ambos. Existe do outro lado uma pessoa que sente, responde, que conta o que comeu no almoço, que malícia. Ela é um amante em potencial.


Como reagir à traição on-line?


A situação é delicada, pois é como se a traição estivesse ocorrendo dentro de casa. É preciso conversar, e examinar as razões pelas quais a pessoa resolveu buscar o relacionamento virtual. Talvez o casal tenha pela primeira vez, depois de muito tempo, a oportunidade de falar francamente sobre si e sobre o relacionamento. Por mais que doa, é uma forma de olhar corajosamente para o casamento. Uma crise como a que decorre da revelação da infidelidade, seja ela virtual ou real, apresenta a oportunidade de cada um ser honesto com o outro e consigo mesmo. E isto começa a recriar a intimidade, a aproximação.


Por outro lado, a quebra de confiança é difícil de superar. É intolerável pensar que o computador está ao alcance da mão do parceiro o tempo todo, e que ele sempre pode estabelecer contato com o amante virtual, a qualquer hora do dia e da noite.


O cônjuge infiel precisa examinar o que quer do casamento, e o que quer para si mesmo. Ele pode estar passando por uma crise pessoal de perda de autoestima, e ter encontrado no relacionamento virtual uma fonte extra de autoestima.


Ele terá que reconstruir a confiança que pôs a perder quando abriu a porta do casamento. Precisará pedir perdão genuinamente, e desenvolver atitudes confiáveis e transparentes, para que evite ser mal interpretado. Uma das maiores dificuldades quando se perde a confiança no casamento, é que aquele que desconfia não sabe o que fazer para voltar a confiar, e aquele que quer recuperar a confiança não sabe como convencer o outro que voltou a ser confiável.


O restabelecimento da confiança vem com o tempo e com atitudes transparentes, sérias e sólidas. Transparência significa abrir os e-mails para o cônjuge ler, eliminar os endereços escondidos, mas também e principalmente, significa reabrir-se para a intimidade no relacionamento.


O casal que necessita de individualidade precisa revisar como entende a individualidade e tem que criar espaços de privacidade que respeitem as necessidades de cada um.

*Por Rosana Ferrari, psicóloga


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