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Jornalistas fundam movimento contra o assédio no ambiente jornalístico

Marina Gallo - Redação Bonde
25 mar 2017 às 12:58

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- Reprodução/Facebook
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Ano passado, o caso da estagiária de jornalismo que foi demitida uma semana depois de sofrer assédio sexual do cantor Biel deixou muitas jornalistas mulheres incomodadas. A estagiária denunciou o caso à polícia, e o portal fez reportagens sobre o assunto, que ganharam dimensão nacional.

Janaina Garcia, jornalista formada pela Universidade Estadual de Londrina (UEL), fez uma publicação em seu Facebook sobre o caso. "Quando soube, por amigas minhas que trabalhavam no Portal Ig, eu achei isso um absurdo. 'Como a pessoa, sendo a vitima, é punida?'".

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Sua publicação foi compartilhada por muitas pessoas e sensibilizou colegas da profissão. Veio a ideia, em parceria com a jornalista Thaís Nunes, de produzirem um vídeo sobre o assunto e, a partir disso, criaram um grupo no Whatsapp para relatar assédios, tanto de fontes como de chefes. Foi assim que o Jornalistas Contra o Assédio surgiu.

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"O movimento nasceu de forma espontânea", conta Janaina, "porque os relatos que começaram a surgir eram muitos e vimos uma necessidade de fazer algo a respeito. Quando o vídeo foi ao ar, aquilo aumentou de uma forma imensa".

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O movimento completa um ano em junho e tem uma Fanpage onde publica notícias e informações que possam ser úteis ao público. "Nós, jornalistas, falamos de assédio mas não falamos sobre os assédios que nós mesmas sofremos." A página no Facebook do movimento já recebeu diversas denúncias.


Segundo Janaina, homens e mulheres têm que lutar juntos contra esse assunto, que parece tabu. "E desde já, tentamos ampliar o diálogo. Buscamos falar para as pessoas de maneira mais ampla, porque os homens também sofrem assédio. Essa é uma causa que trata de igualdade e respeito. Independente de gênero."

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Falar sobre assédio no meio jornalístico é uma forma de outros profissionais começarem a ter consciência do que acontece no meio de trabalho deles. E o movimento estimula essa conversa entre as mulheres. "Isso ajuda a desnaturalizar comportamentos que estavam cristalizados. Quando você fala que alguma prática não é correta, as pessoas ouvem. Nós somos formadoras (es) de opinião e não só dentro da redação."


O sindicato dos jornalistas de São Paulo criou um canal em que as mulheres podem fazer denúncias de assédio, mas o projeto precisa ser mais divulgado. "É comum a vítima de assédio silenciar ou se sentir culpada. Precisamos começar a constranger as práticas de assédio. É um trabalho longo, estamos no começo, mas é preciso mostrar para as empresas e para as fontes que não aceitaremos mais situações que eram consideradas naturais", diz Janaina.

Hoje, a página no Facebook Jornalistas contra o assédio tem mais de 19 mil seguidores, recebe denúncias e compartilha informações sobre o assunto.


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