As mulheres, que têm o hábito de cuidar bem de sua saúde, são responsáveis também pela ida dos homens ao médico. É o que mostra um levantamento realizado pela seção paulista da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU-SP) com 97 de seus associados, a propósito do lançamento da Política Nacional de Saúde do Homem em agosto. Os urologistas apontaram que 50% de seus pacientes vão ao consultório médico por pressão da esposa ou da namorada.
O objetivo da SBU-SP foi colher informações sobre comportamento dos homens em relação à sua própria saúde. "Queríamos ir além da explicação habitual de que o homem vai menos ao médico do que as mulheres por 'questões culturais'", afirmou o diretor da SBU-SP, Archimedes Nardozza Júnior. "Neste momento em que o País passa a ter uma política de saúde para o homem, precisamos saber mais sobre a percepção do indivíduo do sexo masculino quanto aos cuidados com seu corpo e sua mente".
Considerando que 90% da clientela do urologista é do sexo masculino, a SBU-SP pediu a seus associados que, com base nas observações cotidianas de seus pacientes homens, respondessem a um questionário. O pressuposto da pesquisa é que, entre as quatro paredes de um consultório médico, os homens tendem a revelar, de fato, como pensam e agem em relação à sua saúde.
Leia mais:
Celulite: por que surge, quais as principais causas e como tratar?
Arábia Saudita autoriza mulheres a dirigirem automóveis
'Nem todas as mulheres podem ser modelos', diz estilista da Dior
Empresa dos EUA cria fantasia de 'Kylie Jenner grávida' para o Halloween
As mulheres
Na pergunta sobre os motivos pelos quais o homem vai menos ao médico do que as mulheres, a pesquisa apontou como justificativa de maior incidência (42%) a falta de tempo ou a imposição de dificuldades, como não ter convênio médico e/ou a demora no atendimento pelo SUS. O segundo motivo mais importante (37%) seria por "medo" e o terceiro (21%) "por que se acham um "super-homem", ou seja, invulneráveis a doenças.
Já na pergunta sobre os fatores que convencem um homem a consultar um médico, os urologistas identificam que isso ocorre, em 50% dos casos, porque ele "cedeu a pressões da esposa ou da namorada". Esse percentual só não é maior quando para as situações em que "os sintomas de uma doença se intensificaram muito", que teve incidência de 56% nas respostas. Outro motivo que leva os homens ao médico são as campanhas de sensibilização, com 16%.
Como vários urologistas marcaram duas ou três alternativas para responder a essa pergunta, percebe-se que há casos em que o homem, para ir ao médico, precisa, ao mesmo tempo, estar com os sintomas acentuados de uma doença, ser alvo de uma campanha de esclarecimento e ainda sentir-se pressionado pela mulher, analisa Nardozza. Para o diretor da SBU-SP esses dados revelam que algumas campanhas de esclarecimento sobre a saúde do homem devam ser dirigidas, na verdade, às mulheres: "Já sabemos que elas cuidam bem de si próprias; agora, estamos constatando que as mulheres são importantes também para que o homem dê mais atenção à sua saúde. Este é um dado fundamental".
Preconceito e medo
Outra questão da pesquisa da SBU-SP referiu-se ao que mais incomoda o homem no exame de próstata por meio do toque retal. Como já era previsto, os urologistas apontaram o preconceito como causa principal (61%). No entendimento de Nardozza, porém, as outras duas causas apontadas devem também ser consideradas como importantes: medo de que vai doer (16%) e medo da descoberta que está com câncer (23%). "O toque retal não é dolorido, e se você tem um câncer a melhor coisa é descobrir logo, para aumentar as chances de cura", alerta o diretor da SBU-SP.
Em outra pergunta da pesquisa, os urologistas destacaram que, após a realização do primeiro exame de toque retal, 91% dos pacientes revelam que o procedimento "foi mais simples do que imaginavam", enquanto cerca de 9% preferem "não emitir comentários". A possibilidade de ter sido "pior do que imaginavam" não é observada nos consultórios.
Na pergunta sobre o que os homens revelam atribuir maior importância - "boa alimentação", "prática esportiva" ou "potência sexual" -, os urologistas paulistas detectam que 96% de seus pacientes consideram primordial o bom desempenho sexual. A prática esportiva aparece como o mais importante em cerca de 4% dos pacientes, enquanto o item "boa alimentação" não chega a ser citado. Para Archimedes Nardozza Júnior esses dados mostram que o sexo é um argumento dos mais importantes para sensibilizar o homem a cuidar-se melhor. "Vida sexual saudável, intensa e duradoura depende de boa saúde em sentido amplo: da higiene com o pênis aos cuidados com os órgãos vitais, passando pela boa forma física, alimentação balanceada e mente arejada", destaca o diretor da SBU-SP.