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Reclusão

90% das mulheres violentadas não procuram ajuda médica

Redação Bonde
22 dez 2010 às 11:50

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Busca tardia impede que vítimas tenham acesso aos métodos mais eficazes para evitar gravidez - Reprodução
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Um estudo inédito, realizado no Hospital Estadual Pérola Byington revela o perfil das mulheres vítimas de abuso sexual e que engravidam no Estado de São Paulo. O levantamento foi realizado com base em 936 pacientes atendidas na unidade ao longo dos últimos 15 anos pelo projeto Bem-Me-Quer, realizado pelas secretarias de Estado da Saúde e da Segurança Pública.

Do total de mulheres atendidas no Pérola, 88,9% admitiram não ter procurado orientações médicas imediatas, ou seja, durante os cinco dias decorrentes da violência. Neste período, seria possível o uso da anticoncepção de emergência (pílula do dia seguinte) para evitar a gravidez indesejada.

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"O dado sinaliza que o trauma faz com que a primeira reação das mulheres ainda seja a reclusão. Só depois, quando percebem a gravidez, é que elas passam a tomar atitudes e enfrentam o problema", afirmou a psicóloga e mestre em Saúde Pública Daniela Pedroso, autora da pesquisa.

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Entre as 11,1% das mulheres que recorreram ao serviço de saúde imediatamente, em 38,6% delas a concepção de emergência não foi prescrita por opção das próprias pacientes. Outro dado chama a atenção: de 200 mulheres que tiveram o pedido negado pelo serviço de saúde para realizar o abortamento legal, 39% estavam com idade gestacional avançada (chegaram para atendimento após 22 semanas de gestação ou com o feto pesando mais do que 400g).

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O perfil traçado pelo Pérola apontou que a mulher vítima de abuso sexual que engravida tem idade média de 22,2 anos, cor branca (61,2%), solteira (76,3%), com ensino fundamental incompleto (37,4%) e com emprego formal ou informal (34,3%).


O projeto Bem-Me-Quer dispõe de equipe multidisciplinar capacitada para oferecer ajuda médica, psicológica e realizar o exame de corpo delito, simplificando o processo de notificação às autoridades.

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As mulheres estudadas na pesquisa passaram pelo atendimento de 1994 até julho de 2009. Todas elas tentaram na Justiça o direito de realizar aborto, concedido mediante uma série de restrições em casos de abuso sexual. Até o ano de 2005, os atendimentos do Bem-Me-Quer representavam 25% das mulheres nestas condições do Brasil e 37,5% da Região Sudeste. O serviço é o único no Estado de São Paulo.


O método mais utilizado, entre as 608 mulheres que realizaram o aborto legal foi a aspiração intrauterina (48,4%), que demanda menor tempo de internação (média de 1,4 dia). A laparotomia, espécie de cesárea, foi usada em 10,2% dos casos. Em geral, o procedimento, mais invasivo, é utilizado nas mulheres cuja gestação está prestes a vencer o período permitido por lei.

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Agressor único e desconhecido


Em 61% dos casos estudados, o autor era desconhecido da vítima e em 92%, agiu sozinho. Entre os autores conhecidos, destaca-se um membro da comunidade em que a vítima reside, que corresponde a 5,2% dos casos. O ex-parceiro foi o autor da violência em 3,5% dos casos e o padrasto em 3,4%.

De acordo com a pesquisa, nos casos em que não houve aborto, em geral por demora na procura pelo atendimento, segundo apontou o estudo, os autores da violência eram conhecidos, em sua maioria.


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