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Mercado de trabalho

Carreira: a mulher e os riscos da proteção exagerada

Redação Bonde*
30 mar 2010 às 10:48

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- Reprodução
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Ser mulher no mercado de trabalho continua exigindo muita determinação pessoal. Embora representem 46,5% da população economicamente ativa e de desempenharem, na maioria dos casos, as mesmas funções, até em trabalho pesado em construção civil, as mulheres continuam contratadas por menores salários e raras são aquelas que ocupam cargos máximos em organizações.

Pode-se dizer que essa realidade condiz com o processo histórico. Até o início do século XX, mulheres não votavam e sequer sonhavam ocupar cargos públicos. Não podiam ser proprietárias de bens e a herança ia direto para os maridos, ter crédito ou comércio, enfim, não eram consideradas cidadãs.
Apenas na metade do século passado é que houve o ingresso massivo do chamado sexo frágil no mercado de trabalho. As condições, é claro, evoluíram, mas ainda estamos muito distantes de uma efetiva igualdade.

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Não vamos aqui fazer um discurso feminista contra esse estado de coisas. Mudanças culturais exigem tempo. É um processo, felizmente cada vez mais rápido em tempos em que a velocidade da informação e dos acontecimentos é muito maior.

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O que vale a pena discutir é a motivação desse estado de coisas. Para o contratante, empregadas custam mais. Mulher é um "bicho esquisito; todo mês sangra", já definiu Rita Lee. Mulher tem filhos, tem de buscá-los na creche, levá-los ao médico, o que às vezes a obriga remanejar o horário de seu expediente. Mulher tem dificuldade em levar trabalho para casa, pois tem o trabalho de casa para fazer. E, pior, mulher engravida!

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Por essas razões, as mulheres ainda se encontram numa posição secundária em relação aos homens, embora tenham se adequado à rotina laboral. Têm poucas opções, mais dificuldade para ascender profissionalmente e remuneração menor, ainda que apresentem melhor formação e trabalhem igual número de horas até com mais determinação.


Por mais competente que seja uma trabalhadora, se for casada e/ou mãe é impossível não ter no currículo esses "desabonos" que soam até piores do que não falar inglês nem saber mexer no Excel.

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A questão da gravidez é a que mais "pega" na hora de contratar. Afinal, existe a licença maternidade, fato que a maioria dos empregadores já estaria começando a absorver integralmente não fosse um fato novo: o Projeto de Lei 6273/09.


Tal PL propõe reduzir em duas horas a carga horária diária de trabalho da mulher grávida, a partir do sétimo mês de gestação. Se aprovada, a medida será incluída na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), nos capítulos dedicados à proteção da maternidade.

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A justificativa é até bonita. Sem dúvida, a partir do sétimo mês a mulher ganha mais peso, fica desconfortável. Então, vem o legislador e diz: que possam sair mais cedo; que, após o parto, fiquem não quatro, mas seis meses com o bebê, conforme PL que prevê isso, em caráter facultativo, a quem aderir ao programa "Empresa Cidadã"; que não sejam demitidas sem justa causa por sete meses após o nascimento da criança, conforme outro projeto de lei; e por aí vai.


Nossos legisladores pensam diversas "regalias" e deixam de considerar uma coisa: a oferta de empregos para a mão de obra feminina em volume e condições equânimes às oferecidas à mão de obra masculina.

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Há que se entender o que é natural. Gravidez não é doença. Na roça a mulher trabalha até a hora de parir. No escritório e na fábrica também não é diferente. No Projeto Ampliar, que conta com apoio logístico do Secovi-SP, profissionalizamos jovens em idade de risco social; grande parte deles são meninas, disputando espaço por um bom emprego.


Quanto mais supostos benefícios forem concedidos às mulheres, mais serão elas discriminadas no mercado de trabalho.

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Ao empregador não compensa apenas deduzir do Imposto de Renda os 60 dias concedidos a mais numa licença maternidade. Ele precisaria também ver compensadas as despesas com a contratação de temporários, com treinamentos, etc. Diante da impossibilidade, a decisão é a óbvia: mais homens contratados.


Ninguém desconhece a importância de as gestantes terem uma gravidez amparada e de permanecerem com seus bebês naquela fase mais crítica dos primeiros meses. Só não podemos esquecer é que mães e filhos também precisam comer e que o pão vem do trabalho. Portanto, uma questão não pode ser considerada sem a outra. As leis precisam ser equilibradas. Do contrário, é o caos. Proteção exagerada é risco que as mulheres não querem e não merecem correr.

*Por Maria Helena Mauad, mãe e empresária, é presidente da Associação Paulista Projeto Ampliar


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