Um estudo recentemente publicado pelo periódico British Medical Journal revela que uma aparência mais jovem do que a idade cronológica está associada a uma maior longevidade. O estudo foi realizado na Dinamarca e envolveu quase dois mil gêmeos com mais 70 anos. Os voluntários do estudo foram submetidos a avaliações físicas e cognitivas e a um teste molecular que avalia o grau de envelhecimento, chamado de extensão do telômero de leucócitos. Esse é um marcador que indica a capacidade de replicação de uma célula. O encurtamento do telômero está associado a uma séria de doenças relacionadas com o envelhecimento, maus hábitos de vida e menor longevidade.
No início do estudo, os rostos dos gêmeos foram fotografados e as fotos foram submetidas a um júri que estimava a idade de cada participante. Com um acompanhamento de sete anos, aqueles que foram considerados mais novos pelo júri foram os que viveram mais, os que apresentaram melhor desempenho físico e cognitivo, e ainda apresentaram maior extensão do telômero de leucócitos. Além disso, quanto maior a diferença de idade entre dois gêmeos julgada pelo júri, maior a chance do mais "velho" morrer primeiro.
Estudos anteriores já haviam revelado que a aparência de uma pessoa pode ser influenciada negativamente pela exposição ao sol, magreza e pelo tabagismo, assim como pode receber influência positiva por um elevado status social, baixos escores para sintomas depressivos e o fato de viver com um(a) companheiro(a). Esses estudos tinham enfermeiras geriátricas como júri para eleger a idade dos participantes. A atual pesquisa incorporou, além das enfermeiras, outros dois júris: um júri de mulheres idosas e outro de jovens do sexo masculino. Esperava-se que esse último apresentasse o pior desempenho, mas não foi o caso. Os três júris conseguiram se aproximar muito bem da idade cronológica dos voluntários.
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O comentário de que um indivíduo encontra-se envelhecido para sua idade tem uma conotação de uma saúde comprometida. Esse estudo corrobora essa relação entre aparência e saúde e sugere que os mesmos fatores genéticos que determinam a aparência da pele de uma pessoa idosa, determinam também seu desempenho físico, cognitivo e sua longevidade.
* Por Ricardo Teixeira, doutor em neurologia e diretor do Instituto do Cérebro de Brasília (ICB). Dedica-se ao jornalismo científico em saúde e também é titular do Blog "ConsCiência no Dia a Dia" (www.consciencianodiaadia.com.br).