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Asmáticos devem redobrar cuidados no outono e no inverno

21 mai 2022 às 17:27

Ao menos 300 milhões de pessoas no mundo são asmáticas - no Brasil, o número chega a mais de 20 milhões. No SUS (Sistema Único de Saúde), essa doença oscila entre a terceira e quarta posição no ranking das causas de hospitalizações, e os meses de abril a julho são os que têm os maiores números de internação por asma, segundo dados da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.


Com a chegada do frio, o InCor (Instituto do Coração) do Hospital das Clínicas da FMUSP (Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo) cham atenção para a necessidade de redobrar os cuidados, pois as variações de tempo seco, típicas das estações outono e inverno, são propícias para o aumento de casos.


De acordo com o InCor, a junção de poluição, ausência de chuva e tempo frio leva muitos asmáticos aos serviços de emergência com crises que podem ser evitadas. A recomendação básica é manter a asma tratada o ano todo, para chegar ao clima mais frio em boa condição de saúde.


Foi o que Michele Benevides, 36, diagnosticada com asma grave aos 20, começou a fazer depois de já ter passado por mais de 30 internações devido a crises da doença. Ela teve uma parada cardíaca, um choque anafilático e foi parar na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Assim, passou a ter mais atenção com a saúde para enfrentar o tempo frio e isso foi decisivo para mudar sua vida.


“A sazonalidade do outono e inverno é sempre muito difícil para quem tem asma. É o momento onde as crises mais aparecem. Então eu busco sempre evitar friagem e falta de proteção térmica. Tenho um ganho muito grande sendo acompanhada por um médico e tomando a medicação correta, tem sido essencial para que eu não evolua no meu quadro nesta época do ano. Tudo isso também evitou que eu tivesse novas internações e até mesmo consultas no pronto atendimento”, comentou.


A asma é inflamação dos brônquios, estruturas responsáveis pela troca de ar dentro dos pulmões. O processo inflamatório ocasiona inchaço das vias áreas e produção de muco que podem levar à falta de ar de grau leve a extremo. Os sintomas mais comuns são tosse, chiado, aperto no peito e dificuldades respiratórias. A doença atinge tanto crianças como jovens e adultos.


Segundo o diretor do Ambulatório de Asma do InCor, o pneumologista Rafael Stelmach, baixas temperaturas e umidade, agentes alergênicos como material particulado no ar, fungos e ácaros, e infecções típicas da estação - entre elas, gripe e resfriado - são fatores ambientais que podem causar as crises de asma. Sem tratamento adequado e terapia com medicamentos, no caso do aumento dos sintomas, a inflamação pode progredir para a obstrução das vias aéreas e para a necessidade de internação.


“Pessoas que já têm a doença precisam estar prevenidas para passar por esse período do ano. Caso isso não aconteça, pode haver agravamento e descontrole da doença e assim dificultar a recuperação durante e depois das crises. Pacientes que moram em grandes centros urbanos costumam ser mais atingidos por conta da poluição. As regiões Sudeste e Sul do país são as mais afetadas. O Sul, principalmente, devido às temperaturas extremamente baixas nos períodos mais frios do ano”, pontuou.


Stelmach recomenda que a pessoa com asma evite fumar, já que tal hábito provoca o agravamento da doença. O especialista alerta que tanto o cigarro eletrônico quanto a maconha são nocivos para os asmáticos, que devem também evitar o fumo passivo (quando se convive ou fica perto de alguém que fuma). É necessário também evitar o contato com objetos e ambientes que tenham fungos e ácaro.


A orientação do médico é que as roupas de uso pessoal e de cama, incluindo cobertores, edredom e travesseiros, guardadas há muito tempo, sejam higienizadas antes de serem usadas. Ele destacou que é preciso ter cuidado com os animais de estimação, evitando que eles entrem no quarto de dormir, porque os pets são alergênicos para quem é asmático.


“Depois de lavadas e passadas a ferro, enquanto não forem novamente usadas, essas roupas devem ser guardadas, de preferência, em sacos plásticos, para protegê-las do contato com esses agentes alergênicos. Casa em que convivem pessoas com asma tem que ter travesseiros, colchões, tapetes e cortinas constantemente higienizados, e os ambientes arejados para evitar poeira e mofo”, afirmou o médico.


Stelmach frisa a importância de as pessoas com a doença tomarem a vacina contra a Influenza todos os anos, já que o imunizante é uma arma importante no controle e na prevenção de quadros graves da asma, já que a gripe é um gatilho para as crises.

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