Ter um bom currículo e reunir as principais competências que estão sendo demandadas pelo mercado de trabalho tornam alguns profissionais muito disputados entre as empresas. A maioria dos candidatos com esse perfil, quando estão em busca de uma recolocação ou mesmo em fazer uma transição de carreira, acabam participando de vários processos seletivos e, por isso, em algum momento, precisam declinar de algumas propostas. O problema é que a grande maioria dos profissionais não sabe como ou quando dizer não para uma oferta de trabalho. Essa atitude acaba gerando um tremendo desconforto com todos os envolvidos no processo seletivo.
Mylena Cuenca é recrutadora na Trend Recruitment e formada em administração de empresas pela Universidade presbiteriana Mackenzie. Cuenca preparou dicas importantes para recusar uma oferta de emprego da melhor maneira possível.
Antes de pensar sobre qual a melhor forma de recusar uma oferta, é importante destacar que o profissional precisa conhecer profundamente os motivos que o estão direcionando para essa movimentação na carreira. Se o candidato não sabe o que espera conseguir, se não tem um plano de carreira bem definido, o processo de decisão entre uma vaga e outra acaba sendo muito confuso. O autoconhecimento, portanto, é o primeiro passo para os profissionais que participam de mais de um processo seletivo. É muito importante entender profundamente cada oportunidade, cultura, valores e se de fato aquela oportunidade combina com você e está dentro das suas habilidades técnicas. Se você optar pela oportunidade "errada", irá se arrepender logo nos primeiros dias.
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O segundo passo, não menos importante, é a transparência, ou seja, a honestidade com os recrutadores desde o início do processo. Deixar claro para as empresas que você está participando de mais de um processo seletivo é indispensável para que você construa um elo de confiança e profissionalismo com as pessoas que podem ser seus futuros empregadores. Você deve ser transparente em todas as situações. Obviamente não irá comentar com seu líder que está buscando novas oportunidade fora, mas deve deixar sempre claro nos feedbacks mensais ou semestrais o que realmente busca, e o que está esperando dentro da cadeira em que está e prazo que isso deve acontecer para evitar surpresas.
Alguns candidatos me perguntam qual é o melhor momento para desistir de um processo e o que eu digo é: o quanto antes. Ou seja, assim que o profissional souber com clareza que aquela vaga não está dentro de suas expectativas. Isso pode acontecer em vários momentos do processo. Para aqueles que tem um plano de carreira definido, muitas vezes, no contato telefônico com o headhunter, assim que a oportunidade é apresentada, eles já conseguem discernir se aquela vaga está ou não dentro de suas expectativas. Para outros, isso acontece apenas na entrevista de emprego, quando são apresentadas as expectativas, os desafios da vaga e o pacote de remuneração. Esse é um momento importante para dizer não ou para apresentar suas expectativas para o recrutador.
No entanto, em alguns casos ocorre que o profissional espera até a última etapa do processo seletivo para aí sim, declinar da proposta, o que se torna muito frustrante para o futuro empregador e para o recrutador da posição. Esse tipo de caso costuma gerar um grande mal-estar entre todos aqueles que se envolveram na seleção. É claro que pode acontecer do candidato estar verdadeiramente interessado na proposta, nos desafios e na remuneração e, nos 45 do segundo tempo, mudar de ideia. Mas, certamente, se ele tivesse maior clareza sobre seus motivadores de carreira, isso dificilmente aconteceria.
Nesses casos mais críticos, o profissional sai do processo seletivo marcado negativamente e acaba por se prejudicar com a empresa e com o recrutador, principalmente se ele não tiver sido transparente sobre as suas intenções desde o início. É importante recusar uma oferta pelos verdadeiros motivos que te fazem declinar. Se no início do processo você disse para o headhunter que seu principal motivador é a mudança de carreira, alertando que o salário ou o pacote de remuneração não são o foco nesse momento, é incoerente recusar uma proposta dizendo que recebeu uma contraproposta salarial na sua atual posição.
É claro que para que o profissional seja transparente sobre suas intenções, o recrutador tem que dar abertura e criar um ambiente de confiança. Nós, brasileiros, temos medo de parecermos prepotentes ao dizer que estamos buscando uma remuneração mais alta. Parece mais nobre dizer que queremos outras oportunidades e desafios de carreira, mas não se chega a lugar nenhum omitindo suas reais intenções. O recrutador precisa dar essa abertura para que o candidato se abra verdadeiramente.
Quando o profissional finalmente decidir encerrar sua participação, é educado fazer isso de maneira pessoal e humana. Uma ligação para os recrutadores, incluindo headhunter e gestores da empresa, explicando seus reais motivos, é imprescindível. Em alguns casos, quando existe essa abertura e quando se construiu um canal de confiança, o candidato pode, inclusive, indicar outros colegas de profissão para fazer parte do processo seletivo.
Por fim, aconselho que você siga todos esses passos de maneira empática, demonstrando gratidão e revelando os motivos que o fazem desistir da proposta. Tratar o assunto com a delicadeza e atenção que ele merece mostra para os recrutadores que você tem profissionalismo e senioridade. Essa postura não só fortalece a relação de confiança como também o deixa no radar para as próximas oportunidades. Saber declinar de uma proposta de forma ética e correta até ajuda a construir um marketing pessoal que acrescenta ainda mais valor ao seu perfil profissional.