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Em carta

Mercado não pode prevalecer sobre solidariedade, defende Papa Francisco

Ansa Brasil
08 abr 2021 às 09:29

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- Ansa Brasil
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Em carta ao Banco Mundial e ao FMI (Fundo Monetário Internacional), o papa Francisco afirmou que as leis de mercado não podem prevalecer sobre a solidariedade na distribuição de vacinas anti-Covid-19.


A mensagem dá sequência à benção de Páscoa do pontífice, quando ele cobrou acesso universal a imunizantes contra o novo coronavírus. No documento, Jorge Bergoglio diz que chegou a hora de reconhecer que o mercado financeiro "não governa a si mesmo" e precisa estar sujeito a "leis e regulações que assegurem seu trabalho pelo bem comum".

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"Nesse sentido, precisamos especialmente do financiamento de uma solidariedade da vacina, pois não podemos permitir que as leis do mercado tenham precedência sobre as leis do amor e da saúde de todos. Reitero meu apelo para que líderes governamentais, empresas e organizações internacionais trabalhem juntos para fornecer vacinas para todos, especialmente para os mais vulneráveis e necessitados", acrescenta o Papa.

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Além disso, Francisco ressalta que uma "redução significativa" do peso da dívida dos países mais pobres seria um "gesto profundamente humano" que poderia ajudar no desenvolvimento e acesso a vacinas, saúde, educação e trabalho.

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"Enquanto muitos países estão agora consolidando planos de recuperação individuais, permanece a necessidade urgente de um plano global que possa criar novas ou regenerar as instituições existentes. [...] Isso necessariamente significa dar às nações mais pobres e menos desenvolvidas uma parcela efetiva do processo decisório", pontua.


O Papa também salienta que a noção de "recuperação" não pode se satisfazer com o retorno a um "modelo desigual e insustentável de vida social e econômica, no qual uma pequena minoria da população mundial detém metade de sua riqueza".

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"A pandemia nos lembrou mais uma vez que ninguém pode se salvar sozinho. Se quisermos sair dessa situação como um mundo melhor, mais humano e solidário, é necessário conceber novas e criativas formas de participação social, política e econômica, sensíveis à voz dos pobres e empenhadas em incluí-los na construção do nosso futuro comum", afirma Bergoglio.


Segundo o portal Our World in Data, já foram aplicadas quase 700 milhões de doses de vacinas anti-Covid-19 no mundo, mas quase 50% estão concentradas na Europa e na América do Norte. A África, que tem 15% da população do planeta, responde por menos de 2% das doses administradas até o momento.

O próprio FMI, em seu último relatório de projeções para a economia, afirmou que os países "vão precisar trabalhar juntos para garantir acesso universal" a vacinas contra o novo coronavírus. De acordo com o fundo, é "profundamente inquietante" que nações de alta renda que reúnem 16% da população do planeta tenham reservado 50% das doses oferecidas pela indústria farmacêutica.


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