Educação

Mais 28 pesquisadores da Capes pedem renúncia coletiva

02 dez 2021 às 12:35

Um novo grupo de pesquisadores ligados à Capes, órgão do MEC (Ministério da Educação) responsável pela pós-graduação no país, pediu renúncia coletiva nesta quarta-feira (1º). Desta vez, 28 profissionais solicitaram desligamento. Nos últimos dias, outros 52 fizeram o mesmo, o que totaliza 80 pessoas.


Na carta de renúncia, os três coordenadores de química e os 25 consultores criticam a falta de compromisso com a avaliação quadrienal por parte da Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior).


"Estamos no final de 2021 e não se conhece nenhuma ação da Capes no sentido de discutir e elaborar o Plano Nacional de Pós-Graduação 2021-2030", diz a carta.


"Entendemos que a avaliação quadrienal deve ser finalizada pelas atuais coordenações e consultores, mas, até o momento, não vemos por parte da presidência, quando indagada, nenhuma declaração de maneira inequívoca sobre a extensão dos mandatos dos atuais coordenadores, visando não deixar essa imensa lacuna aberta."


Os profissionais também criticam a rapidez e empenho no procedimento para abertura de novos cursos de pós-graduação sem que a avaliação quadrienal tenha sido finalizada. Esse processo é chamado de APCN (Apresentação de Propostas de Cursos Novos).


"Passamos por vários governos, vários presidentes e diretores de avaliação. Nem sempre foi fácil, mas sempre tivemos pleno apoio e muito diálogo para que pudéssemos discutir e aprender muito", diz a carta.


Os problemas apontados foram os mesmos citados pelos 31 pesquisadores da área de matemática/probabilidade e estatística, na renúncia divulgada na segunda (29).


Na semana passada, outros 21 profissionais da área de astronomia/física já haviam anunciado desligamento também por insatisfação com a presidência da Capes.


Esses pesquisadores trabalham nos processos de avaliação do sistema de pós-graduação do país. Os coordenadores são nomeados pela Capes para mandatos de quatro anos e o restante atua como assessor nesses trabalhos, todos em atividades não remuneradas.


Na segunda, após a renúncia coletiva dos profissionais da área de matemática/probabilidade e estatística, a Capes afirmou, em nota, que tem feito esforços para retomar a avaliação e defendeu a continuidade dos pedidos de novos cursos.


Há interesse de instituições privadas de ensino superior em terem aprovados programas de pós-graduação, muitas vezes para garantir status de universidade. Outro interesse, sobretudo do setor privado, é na liberação de cursos na modalidade EAD (ensino a distância).


A presidente da Capes, Claudia Mansani Queda de Toledo, chegou ao cargo em abril por escolha do ministro Milton Ribeiro. Ela enfrentou resistência por causa de seu currículo e por ter nomeado sua aluna de doutorado para diretoria internacional.


O pedido de renúncia na Capes ocorre em paralelo a outro processo de instabilidade em um dos órgãos do MEC. Na véspera do Enem, dezenas de servidores do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais) pediram desligamento de seus cargos de chefia após denúncias de assédio moral e pressão para alterar o conteúdo da prova.

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