Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Publicidade
Publicidade
'Trabalho deve ser com amor'

Dia da Educação: professores explicam caminhos de ensino antirracista

Redação Bonde com Agência Brasil
28 abr 2023 às 18:32

Compartilhar notícia

- Juca Varella/ Agência Brasil
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

A violência surgiu de onde ela menos esperava. Em pleno Dia das Mulheres, há quase dois meses, a professora Edmar Sônia Vieira Valéria, de 50 anos, em uma escola da região administrativa de Ceilândia (DF), recebeu de “surpresa” de um aluno uma palha de aço. A ação, considerada de caráter racista e machista, abalou a docente, mas não alterou as convicções de que é necessário e possível uma educação antirracista.


“O nosso trabalho deve ser com amor. Devemos levar em conta que as características dos alunos de hoje são muito diferentes das de 20 anos atrás”, afirmou a professora em entrevista. As agressividades, segundo ela, são voltadas para serem filmadas e espalhadas pelas redes.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


O celular, segundo testemunha, virou protagonista no dia a dia educacional. “Tudo acontece por meio do telefone dentro de uma escola. É por ali que eles combinam qualquer ato, qualquer ação. É o que eles usam para se agredirem, por onde se ameaçam. Ou quando desejam filmar um professor recebendo um pacote de palha de aço, como aconteceu comigo”. 

Leia mais:

Imagem de destaque
Harvard

Estudo sugere que consumo de chocolate amargo está ligado à redução no risco de diabetes tipo 2

Imagem de destaque
Apoio financeiro de R$ 14,9 mi

Projeto da UEL com materiais biodegradáveis é contemplado em edital da Finep

Imagem de destaque
90 anos de Londrina

UEL publica informativo que mostra seu papel no desenvolvimento de Londrina

Imagem de destaque
Legislação

Proposta nacional é mais flexível sobre armazenamento de celular na escola


Ela defende maior participação das famílias na escola e uma revisão geral do processo de ensino-aprendizagem para efetivação de uma escola antirracista.

Publicidade


“Nós precisamos de ações efetivas. Além das leis, precisamos de modelos de educação mais atuantes, uma escola mais atraente. O caminho é a educação séria e não o castigo". Para ela, as escolas precisam contar histórias de pessoas negras a fim de que os alunos se vejam representados.


A professora explica que o aluno que a ofendeu pediu desculpas em diferentes ocasiões desde então e crê que ele aprendeu com o erro.

Publicidade


"Ele nunca foi um aluno agressivo. Chegava sempre com muita alegria. Sentava próximo à minha mesa. Ele se arrependeu e entendeu”. A conscientização passou pelo caminho da repercussão e da solidariedade à professora, que se seguiram à violência, e pelas constantes conversas em sala.


Sem tabu

Publicidade


O caminho para uma educação antirracista, no entender do cientista social Vidal Mota Junior, obriga que o tema deixe de ser tratado como tabu e seja reconhecido como um problema a ser discutido e enfrentado em sala de aula. 


“A gente vê como um longo caminho de conscientização. Mais de 56% da população são negros e menos representados em posições de liderança ou dentro de uma sala de aula”, afirma o especialista, que coordena a ONG (organização não governamental) Dacor, com sede em São Paulo, que promove políticas e campanhas de conscientização sobre a questão racial no Brasil. 

Publicidade


Para o pesquisador, é preciso que essa violência do racismo não seja naturalizada e todos os crimes gerem intervenções sérias. “A escola tem que chamar os alunos que cometem a violência para reensiná-los. E mostrar para toda a comunidade escolar que o preconceito racial não terá vez naquele espaço”.


Protagonismos e prioridades

Publicidade


Além disso, segundo os professores, a escola deve apresentar sinais nítidos de democracia racial, com inclusão e protagonismos de histórias de heróis negros e não os clássicos personagens brancos de origem europeia. 


Em 2023, ano em que a Lei Antirracista nas escolas completou 20 anos, a legislação tornou obrigatório o ensino de história e cultura afro-brasileira. O desafio dos sistemas educacionais, de todos os âmbitos, é que, além da lei, efetivamente se promova empatia e estrutura para que os estudantes entendam as próprias raízes, e de uma forma atraente.

Publicidade


Essa necessidade é reconhecida pela advogada brasiliense Karina Berardo, mãe de dois filhos negros adolescentes. “Na escola deles, a lei não saiu do papel. Não tem professores ou diretores negros. Para enfrentar isso, eles vão ter que cortar na própria carne. Claro que não precisa ser negro para falar sobre democracia racial”.


Outra preocupação de Karina é o que chega pelos celulares, como alertaram os pesquisadores. Ela procura acompanhar, por exemplo, os grupos de mensagens dos filhos. “Não raras vezes, eu encontro a utilização de termos utilizados para agredir e diminuir as pessoas. Os meninos têm hábito de um chamar o outro de gay, de retardado, de preto. Quer dizer: utilizam termos de forma completamente equivocada. Eu conversei isso na escola: é preciso trazer pessoas deficientes, pessoas gays, pessoas negras para conversarem com os alunos. As escolas precisam abraçar a causa de verdade”.


LEIA TAMBÉM:


Imagem
Reunião na Câmara discute Projeto de Lei sobre saúde mental nas escolas
Mais do que uma questão a ser tratada no âmbito da segurança, é preciso criar políticas públicas de enfrentamento que envolvam também as áreas de educação e saúde.
Publicidade

Últimas notícias

Publicidade
LONDRINA Previsão do Tempo