Menos ego e mais eco. A fórmula dos ambientalistas para adiar o fim do mundo despertou a curiosidade do historiador londrinense Tony Hara. Como é que o indivíduo muda sua forma de pensar e de agir? Como é que ele se desembaraça da educação, dos hábitos, dos preconceitos e valores que assimilou ao longo de uma vida?
A partir dessas questões atuais, o pesquisador buscou nas obras dos filósofos antigos um possível caminho. Aquele que levaria uma individualidade narcísica, prisioneira da cobiça e da ostentação, para uma individualidade mais aberta ao outro, seja bicho, planta ou pedra.
“Essa questão da transformação de si mesmo foi um tema muito importante para as escolas filosóficas da Grécia e Roma Antiga. E além disso, percebi ao longo da pesquisa que no pensamento oriental antigo, o tema do silenciamento do ego foi fundamental, especialmente para a filosofia zen e taoista” – relata o escritor.
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O livro “Artes de viver|Velhas verdades” é o resultado dessa reflexão atual, elaborada a partir de fontes antigas. Nesta quinta, dia 2 de dezembro, no Sesc (Serviço Social de Comércio) Cadeião, Tony Hara irá apresentar as principais ideias de sua nova pesquisa, patrocinada pelo Promic (Programa Municipal de Incentivo à Cultura). O lançamento começa às 19 horas, e faz parte do projeto “Café com quê?”, organizado pelo Sesc.
O livro - Dezessete ensaios curtos compõem a obra. O autor extrai de pequenos episódios da vida dos filósofos antigos, as “velhas verdades” sobre a vida simples, serena e reta. Verdades que circulam há pelo menos 2500 anos, e que são conhecidas por todos atualmente, mas vividas por poucos. Reflexões sobre a amizade e a solidão, sobre a necessidade do silêncio e da discrição, sobre as diferentes técnicas de formação ou esvaziamento do ego.
Sócrates, Heráclito, Epicuro, Pirro dialogam nas páginas do livro com os sábios do Oriente, como Chuang Tzu, Lao Tsé e Bodhidharma. Não há uma comparação explícita entre as filosofias distantes. Tony Hara se ocupa em encontrar diferentes exemplos de transformação de si praticados ou prescritos pelos antigos pensadores.
“O processo de transformação começa na preocupação que eles tinham em viver de acordo com os princípios de vida que escolheram, após longa reflexão. Não basta conhecer a verdade, o que dá trabalho é viver de acordo com o princípio verdadeiro escolhido. Nós, modernos, refletimos pouco, mas dizemos e compartilhamos inúmeros princípios de vida, como aquelas frases lindas que recebemos via WhatsApp ou Facebook. Mas a nossa preocupação em viver essas verdades lindas e elevadas – conclui o autor – é mínima”.
A edição do livro tem uma pequena tiragem. São apenas 200 exemplares, costurados à mão pelo próprio autor. “Este é o meu sexto livro. Acho que o mais pessoal, mais íntimo deles, talvez por ter sido criado na pandemia. É como se fosse uma carta escrita a um amigo. Eu queria manusear cada exemplar, tocar cada folha. Partilhar não apenas as ideias, mas algo que fiz de coração e com as próprias mãos”.
Serviço:
Lançamento do livro Artes de viver|Velhas verdades
Local: Sesc Cadeião, rua Sergipe, 52 (Londrina)
Data: 02/12/2021
Horário: 19 horas
Sobre o autor - Tony Hara é formado em Jornalismo pela UEL (Universidade Estadual de Londrina). Fez o doutorado e o pós-doutorado em História da Cultura na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas).
Autor dos livros: Caçadores de notícias: história e crônicas policiais de Londrina (2000); Ensaios sobre a singularidade (2012); Coração Rueiro|João Antônio e as cidades (2013); Oitenta vezes Londrina: cotidiano, história e trajetórias de vida (2014); Saber Noturno: uma antologia de vidas errantes (2017). Coordenou a Coleção Doc.Londrina, que reeditou o primeiro romance publicado na cidade, Escândalos da Província, de Edison Maschio (2011) e o livro-reportagem Nos porões da delegacia de polícia, de Marinósio Filho (2013).