Uma membrana capaz de ajudar na formação de pele, osso e cartilagem. Esse é o resultado de um projeto de pesquisa do Departamento de Bioquímica e Biotecnologia, do CCE (Centro de Ciências Exatas) da UEL (Universidade Estadual de Londrina). A membrana é composta por nanopartícula bacteriana ou celulose (vegetal).
A iniciativa é liderada pelo professor Cesar Augusto Tischer. Ele explica que, a partir do plástico biodegradável, é possível criar uma estrutura para suporte que proporciona o crescimento de células. Em uma impressora 3D, por exemplo, imprime-se uma estrutura em formato de orelha, aplica-se a membrana que serve como promotora para a proliferação das células.
"Esse material tem alta biocompatibilidade para a proliferação celular, responsável pela formação de tecidos", diz. Para chegar a essa conclusão, a equipe realizou vários testes nos laboratórios do CCE. O professor destaca o estágio atual da pesquisa. "Sabemos produzir o material estruturante (orelha, por exemplo), sabemos incorporar o biopolímero [nanocelulose] e conhecemos a biocompatibilidade desses materiais e sua capacidade de formação de novas células".
Leia mais:
Após prorrogação do MEC, inscrições para vagas remanescentes do Fies terminam nesta segunda
Paraná publica resolução com regras de consulta do Parceiro da Escola
Paraná inicia entrega de kits de materiais que atenderão alunos da rede estadual em 2025
UEM aplica provas do PAS para quase 24 mil estudantes neste domingo
O projeto de pesquisa tem a participação de professores, alunos de iniciação científica e programas de mestrado e doutorado. O processo de testes em animais, atualmente, é feito com células de rato. Para que seja feito em humanos, muitas etapas precisam ser vencidas. O projeto de pesquisa termina em 2021 e as perspectivas são boas. "Queremos ter esses protótipos testados quanto ao crescimento de células de mamíferos, demonstrando a viabilidade da ideia”, comenta o professor.
Segundo Cesar Tischer, os protótipos para desenvolvimento de células de pele, osso e cartilagem são um estágio anterior ao desenvolvimento de outros tecidos mais complexos. Ele acredita que o desenvolvimento de órgãos vitais, como fígado, pâncreas e coração, deve ocorrer em um período de 10 a 20 anos. "Essa é uma tendência internacional", afirma o professor.
Por isso, pare ele, esse é um momento de a universidade se abrir. "Temos muito a oferecer com esses estudos. A gente usa a biocompatibilidade para chegar a muitos produtos". O professor se refere, por exemplo, aos artigos cosméticos. De acordo com ele, há empresas interessadas na nanocelulose bacteriana para usá-la na produção de cremes hidratante e antienvelhecimento.
A estudante Karen Stefany Conceição integra a equipe do professor Cesar Tischer. Ela é aluna, em nível de doutorado, do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia do CCE. "O que mais me chama a atenção nesse projeto é o enfoque na área de saúde e que trabalha com a biocompatibilidade", afirma a estudante, graduada em Farmácia. Ela fez o mestrado no mesmo programa de Biotecnologia. "Gosto muito da área de pesquisa".
Cesar Tischer afirma que é grande a aplicabilidade dos estudos de nanopartículas (bacteriana e celulose) e cita Sabrina de Oliveira, mestre em Biotecnologia pela UEL. Sabrina teve projeto selecionado pelo Programa Sinapse da Inovação Paraná, executado pelo Governo do Estado, por meio da Celepar e Fundação Araucária. Ela está entre os 100 projetos aprovados na terceira e última etapa do programa. A seleção está em fase de recursos e o resultado final será divulgado em 15 de outubro.
Sabrina de Oliveira apresentou como problema as queimaduras provocadas pela radioterapia, as chamadas radiodermatites. A proposta de solução, descrita na página do Programa Sinapse da Inovação, é fabricar um produto à base de celulose bacteriana úmida para proteção e regeneração de pele, que agrega a tecnologia de rede nanoestruturada de celulose.