Graças ao sensível e reflexivo olhar do diretor Lee Isaac Chung (americano de descendência coreana), autor do belo “Minari”, há algo muito importante em “Twisters” (em lançamento em Londrina e no resto do planeta) que não estava naquele “Twister” de 1996.
É o contexto social de uma América profunda que parece permanecer estagnada no tempo (o período difícil das grandes depressões, não as meteorológicas, mas as econômicas), no esquecimento dos políticos e no olho dos furacões de especuladores imobiliários e bancários.
Deixe este blockbuster (porque ele é de fato uma mega produção) fazer uma pausa para lembrar a você espectador que, sob os escombros do marco zero de um tornado, há famílias, casas, empresas e vidas que são importantes para os bancos e para os Estados Unidos cada vez mais desunidos. Se isto não é algo que merece aplausos, minha santa Bárbara de raios e trovões, então não sei mais o que é meritório num filme que nasceu acima de tudo para ser o grande entretenimento do verão nos EUA.
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É portanto surpreendente e agradável que “Twisters”, esta nova abordagem do universo nascido há quase três décadas no muito competente filme-espetáculo dirigido pelo holandês Jan De Bont, seja ainda mais intimista e mais focado no fator humano do que aquele modelo que privilegiava especialmente as aparências – a fúria e a devastação dos tornados –, sem cair numa sucessão de coisas voando (nenhuma vacas, diga-se) e coisas sendo destruídas. Aqui, são as pessoas que vivenciam ansiedades existenciais e emocionais, e suas lutas contra os elementos e a imprevisibilidade do clima (a imprevisibilidade de como o espectador do filme responderá hoje), que são hiperrealistas com alma e constituem a aventura em si mesma.
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