Dança

Morre Hulda Bittencourt, fundadora da companhia Cisne Negro, aos 87 anos

01 nov 2021 às 17:15

Morreu nesta segunda-feira (1º) a coreógrafa e bailarina Hulda Bittencourt aos 87 anos. No último sábado (30), a criadora da Cisne Negro Companhia de Dança, fundada em 1977, assistiu à apresentação de 'Primavera', do Grupo Corpo no Teatro Alfa e, ao retornar para casa, queixou-se de não sentir as pernas. Foi levada ao hospital Albert Einstein, na capital paulista, onde foi constatado um acidente vascular cerebral. Estava internada desde então, e morreu neste início de tarde.


A informação foi confirmada por Fernando Guimarães, gerente de programação do Teatro Alfa, e que estava com ela durante a última apresentação que assistiu. "Ela estava super alegre, e disse que não via a hora de estar lá de novo no final do ano, quando montaríamos o 'O Quebra-Nozes'", conta Guimarães, referindo-se à montagem pela qual, em 1984, Bittencourt foi premiada, além de ter sido reencenada diversas vezes ao longo dos anos.


Bittencourt nasceu no município Santa Cruz do Rio Pardo, em São Paulo, em 28 de julho de 1934, e foi aluna de nomes como Maria Olenewa -russa e pioneira do balé clássico radicada no Brasil- e Vera Kumpera -de origem tcheca e referência na dança contemporânea. Em 2017, Bittencourt escreveu ao jornal de Folha de S.Paulo relembrando sua relação com Olenewa. "Meus tempos como aluna de Maria Olenewa foram decisivos para que eu ganhasse credibilidade e conseguisse, enfim, prosseguir com minha carreira", disse.


Em 1958, fundou com seu marido Edmundo Rodrigues Bittencourt, o Estúdio de Ballet Cisne Negro, escola que existe até hoje e que foi, na época, um espaço pioneiro voltado à dança, que inclusive ministrava aulas para meninos em uma época em que homens que dançavam era discriminados.


Dezenove anos depois, inaugurou a Cisne Negro Companhia de Dança, que surgiu com um elenco misto formado por bailarinos da sua escola e por alunos da Faculdade de Educação Física da Universidade de São Paulo.


Guimarães, que foi diretor na Cisne Negro por 12 anos, lamenta a morte dessa mestre que ele considerava como uma familiar. "A gente tinha uma ligação muito forte para além de qualquer âmbito cultural, e fui próximo também do Edmundo Bittencourt. Devo a eles a posição em que estou hoje", lamenta. "Ela muito rígida, séria e determinada. Só guardo boas recordações".


Bittencourt deixa as filhas Daniele e Giselle, ambas à frente das instituições fundadas pela mãe. O velório será no Cemitério Gethsêmani, no Morumbi, em São Paulo, a partir das 20h.

Continue lendo