Chega esta semana às livrarias de todo o País o livro "O Caderno", do escritor português José Saramago, prêmio Nobel de literatura. A publicação, pela editora Companhia de Letras, é resultado do blog josesaramago.org, com textos publicados entre setembro de 2008 e março de 2009. "O Caderno" é mais do que uma simples coletânea de crônicas jornalísticas. É um relato de vida, um diário intelectual e sentimental do único prêmio Nobel de literatura em língua portuguesa.
Em um tom mais intimista, no blog o autor conta o que o motiva, o que o indigna ou o que lhe apetece. Comenta o minuto, mas também recupera uma declaração de amor a Lisboa. Fala dos seus autores preferidos, com humor define as calças sempre impecavelmente vincadas de Carlos Fuentes, mas também o universo turbulento dos turcos de Jorge Amado descobrindo a América. Fala do papa, de Garzón, e de Pessoa; de Sigifredo López e Rosa Parks; e de tantos lutadores pacíficos que conseguiram mudar o mundo ou estão tentando. E emociona-se com gente, com amigos, com pormenores? São seis meses de vida contados em cartas inteligentes, porém diretas, sem artifícios.
Mas antes e acima de tudo, Saramago parece ter encontrado nesse lugar indefinido, em que todos talvez sejamos iguais, a plena e direta realização de algo que sempre distinguiu sua obra e sua postura pública: a firme tomada de opiniões e a indignação ante a injustiça. A lucidez, a inconformidade e a relevância desses relatos pedem a transformação da instantaneidade do blog naquele tempo plácido dos livros, o que é agora materializado neste Caderno.
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Quem é
José Saramago nasceu em 1922, na província do Ribatejo, em Portugal. Devido a dificuldades econômicas foi obrigado a interromper os estudos secundários, tendo a partir de então exercido diversas atividades profissionais: serralheiro mecânico, desenhista, funcionário público, editor, jornalista, entre outras. Seu primeiro livro foi publicado em 1947. A partir de 1976 passou a viver exclusivamente da literatura, primeiro como tradutor, depois como autor. Romancista, teatrólogo e poeta, em 1998 tornou-se o primeiro autor de língua portuguesa a receber o Prêmio Nobel de Literatura.