Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Pegou mal!

Festa Literária em Paraty termina com vaias a escritor sírio

Agência Estado
04 jul 2016 às 08:05
- Walter Craveiro/Divulgação Flip
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

A primeira mesa da Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) deste domingo, 3, chamada "Síria mon amour", teve de tudo, menos amor. O escritor sírio Abud Said dividiu o espaço com a jornalista brasileira Patrícia Campos Mello, especializada em coberturas de conflitos - e a primeira frase que Said falou foi: "não quero falar sobre a guerra". Depois, ao criticar organizações de direitos humanos, meios de comunicação e intelectuais, Said foi vaiado (o que se repetiu ao fim da mesa).

"Não quero ficar aqui a falar do Estado Islâmico", disse Said, em árabe. "Não tenho medo, mas não quero. Não existem direitos humanos, não existe jornalismo, o que existe são pessoas que querem ganhar dinheiro. Sou egoísta. Não quero ser a voz da Síria. Faz três anos que cansei. Não há uma sociedade mais doente do que a sociedade intelectual e de quem trabalha com direitos humanos", opinou.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


Elegante, Patricia disse concordar que os jornalistas, nessas coberturas, contam experiências pessoais, que não necessariamente refletem a realidade. "Só espero que o relato não seja muito deturpado, com a ajuda de vocês", disse, se referindo ao povo sírio.

Leia mais:

Imagem de destaque
Enfezado Nunca Mais

Caravana do cocô vai levar história de estados brasileiros por meio da saúde intestinal

Imagem de destaque
Falência múltipla dos órgãos

Morre Ziraldo, criador do 'Menino Maluquinho' e mestre da literatura infantil, aos 91

Imagem de destaque
Autora renomada

Catadora de papel e escritora, Carolina de Jesus faria 110 anos

Imagem de destaque
Pesquisa feita por 23 instituições

Combate à fome no Brasil precisa de apoio urgente da ciência, alerta ABC


Ela está escrevendo um livro que conta a história da guerra contra o Estado Islâmico e a história de um casal que sobreviveu ao cerco a cidade de Kobani em 2014 (Lua de Mel em Kobani, que a Companhia das Letras deve publicar ainda este ano).

Publicidade


"Não tenho direito de ter medo", explicou. "Há gente que mora lá, elas estão lá todo dia. Eu ter medo é uma coisa um pouco absurda", comentou, sobre suas coberturas.


Said veio a Flip com o seu livro "O Cara Mais Esperto do Facebook" (Editora 34), que reúne alguns de seus posts - uma mistura de diário, comentários sarcásticos sobre a vida e observações irônicas. "Esses jornalistas e o pessoal da cultura só falam da guerra", disse. "Estou feliz de estar aqui, é serviço cinco estrelas. Me levam para jantar e almoçar, ontem fiz sauna. Estou muito feliz. Sou sírio, mas não tenho nada a ver (com política)."

Publicidade


Ele conta que abriu uma página no Facebook e começou a escrever um diário. "Não sabia que ia virar escritor e vir para o Brasil", brincou. Ao contar histórias relacionadas à família, fez o público rir. "Comecei a escrever e aí o pessoal mais preparado me explicou que era literatura."


Na mesa em seguida, Sergio Alcides e Vilma Arêas discutiram características para além da poesia na obra de Ana Cristina César. Na mesa "Luvas de pelica", o crítico literário e a escritora comentaram os aspectos ensaísticos e críticos da poeta. Alcides enfatizou a "presença felina", quando Ana Cristina escrevia críticas.

Publicidade


"Ela tinha uma inteligência fulgurante, de intimidade, do feminino e um aspecto mental de como se aproximar do poema de um modo menos ingênuo", disse. Isso sem esquecer sobre os lados transgressores da poeta com a ousadia que tinha ao misturar linguagens: "Ela se apropriava de discursos diferentes. Não tinha preocupação de separar a prosa da poesia", completou.


Já Vilma que, além de professora era também amiga da escritora, falou sobre o distanciamento que ela tinha de sua obra. "Nas artes plásticas, essa distância é fácil, mas na literatura e na poesia a linguagem é radical. O poeta pode querer comunicar, mas é sempre uma linguagem de contorno", disse.

Publicidade


Walter Craveiro/Divulgação Flip
Walter Craveiro/Divulgação Flip


Vilma também falou sobre o conceito de "fingimento": "Ana tinha um aspecto teatral. E acho que todos os atores são grandes tímidos", afirmou. A acadêmica não conteve a emoção e chorou ao ler um poema de Antônio Carlos de Brito, o Cacaso, em homenagem à Ana C. "Ele fala da partida, mas também de reencontro. E ele tem razão, porque ela está aqui, na Flip, nos ciúmes, nas palavras, nos versos."


Manifestações

A última mesa da Flip de 2016, Mesa de Cabeceira, também foi marcada por manifestações políticas. O escritor João Paulo Cuenca, após ler trecho de Lima Barreto, gritou, no palco: "Fora, Temer", "Fora, PMDB" e "Fora, Dornelles". No final, alguém da plateia projetou no cenário: "Jamais Temer" e "Não Piso na Democracia". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade