Pesquisar

Canais

Serviços

Publicidade
Resgate histórico

Livro sobre roubo do Enem expõe omissões de responsáveis

Agência Estado
02 out 2017 às 12:44
- Reprodução
siga o Bonde no Google News!
Publicidade
Publicidade

No ano em que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) vazou e a prova foi cancelada, em 2009, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável pelo teste, ignorou dois avisos de que a gráfica incumbida da impressão não tinha segurança suficiente. É uma das principais revelações de "O Roubo do Enem", da jornalista e fundadora da Associação de Jornalistas de Educação (Jeduca) Renata Cafardo. O livro será lançado no dia 30, na Livraria da Vila do Shopping Pátio Higienópolis.

Renata foi a responsável por revelar, nas páginas do jornal O Estado de S. Paulo, o vazamento do exame. O problema prejudicou 4,1 milhões de estudantes inscritos em todo o País naquele ano.

Cadastre-se em nossa newsletter

Publicidade
Publicidade


O escândalo veio à tona depois de uma dupla de golpistas ter conseguido uma cópia da prova e tentado vendê-la, sem sucesso, para a jornalista. Em vez de pagar pela informação, o que é vetado pelo código de ética jornalística, a repórter marcou um encontro com os criminosos, viu a prova, memorizou parte das perguntas do exame e informou sobre o vazamento ao Ministério da Educação (MEC).

Leia mais:

Imagem de destaque
Enfezado Nunca Mais

Caravana do cocô vai levar história de estados brasileiros por meio da saúde intestinal

Imagem de destaque
Falência múltipla dos órgãos

Morre Ziraldo, criador do 'Menino Maluquinho' e mestre da literatura infantil, aos 91

Imagem de destaque
Autora renomada

Catadora de papel e escritora, Carolina de Jesus faria 110 anos

Imagem de destaque
Pesquisa feita por 23 instituições

Combate à fome no Brasil precisa de apoio urgente da ciência, alerta ABC


No livro, Renata mostra que, diferentemente do que foi divulgado à época pela imprensa, uma auditoria do Inep confirma que não houve falta de fiscalização da gráfica que imprimiu o Enem. Mas sim omissão em relação aos avisos emitidos pelos órgãos técnicos.

Publicidade


Funcionários do próprio Inep que visitaram a gráfica em duas ocasiões, antes do roubo, disseram que "os procedimentos adotados não eram suficientes para garantir o sigilo da prova", segundo nota técnica de 24 de agosto. Constatou-se que não havia câmeras em lugares estratégicos nem pessoal suficiente para fazer a ronda e fiscalizar o movimento na gráfica.


A nota, enviada ao Inep, recomendava ao órgão que outros servidores fizessem, "até o término de toda a impressão das provas em São Paulo, a supervisão dos trabalhos, em regime de revezamento, para garantir maior segurança de todo o processo".

Publicidade


Dois ex-diretores do Inep, Heliton Ribeiro Tavares e Dorivan Ferreira Gomes, foram condenados pelo Tribunal de Contas da União (TCU), à época, a pagar multas de R$ 5 mil e R$ 3 mil. O ex-presidente do Inep, Reynaldo Fernandes, e o então ministro da Educação, Fernando Haddad, não sabiam da existência das notas técnicas. "Claramente não havia condições de se fazer a prova naquele momento", lembra Renata.


A reportagem não conseguiu contato com os ex-diretores. Já Fernandes destacou que o Inep não teve participação na contratação da gráfica. "Evidentemente, conhecendo o resultado final, é fácil propor mudanças. Mas, tendo as informações que tinha na época, acho que tomaria as mesmas decisões."

Publicidade


Revelações


O "Roubo do Enem" traz uma série de fatos inéditos sobre o episódio que alavancou o jornalismo de educação no País, com sucessivas manchetes dos principais jornais. Renata conta, por exemplo, como o ex-secretário de educação superior do MEC, Luiz Cláudio Costa, usou a prova de uma bolsa de iniciação científica para "esconder" o pré-teste do Enem e, assim, evitar o vazamento da prova, como em anos anteriores.

O livro destaca a trajetória do exame, antes e depois do vazamento, e a dura relação entre imprensa, polícia e Ministério da Educação para solucionar o caso. "Imagino que um grande vazamento desses não possa mais acontecer. Fizeram muitos aperfeiçoamentos", afirma a autora, que recebeu prêmios pelo trabalho, como o Ayrton Senna, e foi finalista do Esso.


Publicidade

Últimas notícias

Publicidade