O diretor de cinema Fernando Meirelles disse nesta sexta-feira por meio de um comunicado que o mundo ficou "ainda mais burro e ainda mais cego hoje", com a morte do escritor português José Saramago.
Em 2008, Meirelles levou para os cinemas uma das obras mais importantes de Saramago, Ensaio Sobre a Cegueira.
Quando assistiu ao filme pela primeira vez, Saramago se emocionou. "Fernando, estou tão feliz por ter visto esse filme... Como estava quando acabei de escrever o livro", disse.
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"Saramago era um homem lógico, dizia que a morte é simplesmente a diferença entre o estar aqui e já não estar mais. Combatia as religiões com fúria, dizia que elas nos embaçam nossa visão", disse.
"Mesmo assim, não consigo deixar de pensar que adoraria que neste momento ele estivesse tendo que dar o braço a torcer ao ser surpreendido por algum outro tipo de vida depois desta que teve por aqui", acrescentou.
Documentário
O diretor brasileiro disse ainda que está coproduzindo um documentário chamado José e Pilar, dirigido pelo português Miguel Mendes, sobre os últimos anos de Saramago e sua mulher – e que, por esse motivo, vinha convivendo "bastante" com o escritor.
"O filme é comovente de cortar os pulsos, vemos ali um homem brilhante que sabe que seu tempo está acabando e tem muita pena de morrer. O dia no qual ele pensava constantemente e que tentou adiar, chegou", diz Meirelles, na nota.
Ainda sobre Saramago, Meirelles disse que "a lucidez naquele grau é um privilégio de poucos".
"Não consigo escapar do clichê, mas definitivamente o mundo ficou ainda mais burro e ainda mais cego hoje", acrescentou.