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Drake lança 'Certified Lover Boy', sexto álbum de estúdio

Pedro Antunes - Folhapress
03 set 2021 às 15:15
- Reprodução/Instagram
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Beatles versus Rolling Stones e, depois, Paul McCartney versus John Lennon. Nos anos 1990, Nirvana versus Guns N' Roses e Blur versus Oasis. Ou, para os mais novinhos, que tal Taylor Swift versus Kanye West ou versus Katy Perry?


Talvez alimentado pelo nosso desejo de criar narrativas mais complexas e interessantes do que a vida real, a indústria da música vive de rivalidades por vezes sem sentido. A nova confusão entre os rappers Kanye West e Drake, com um estranhamento crescente tão desinteressante que não merece ser destrinchado aqui, criou uma batalha entre os novos álbuns de ambos.

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Qual seria melhor -"Donda", de West, lançado há poucos dias, ou "Certified Lover Boy", do recordista da Billboard, lançado nesta sexta-feira (3).

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Pelas capas, a dúvida já é terrível. Enquanto Kanye optou pelo "pretinho básico" ou uma não-capa artística, Drake convocou o hypado artista inglês Damien Hirst para fazer uma terrível montagem com emojis de mulheres grávidas para "Certified Lover Boy".

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Sim, um álbum de 21 músicas e 86 minutos de duração é representado por uma arte que, convenhamos, não deve ter demorado 86 segundos para ser feita.


Mas se "Donda" reflete um West caótico por dentro, "Certified Lover Boy" apresenta um Drake meticuloso e artístico, por vezes tão dedicadamente artesanal e conceitual que, em determinado momento, o resultado se torna tedioso.

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E este é o problema sério de "Certified Lover Boy", o primeiro álbum de estúdio de Drake desde o elogiado "Scorpion", de 2018, mas precedido por outros lançamentos menores, EPs e compilações. Drake parece se levar a sério demais, mesmo em "Girls Want Girls", quando ele se diz "lésbica" em um polêmico verso da música.


"Certified Lover Boy" soa como aquela apresentação densa do rapper no Rock in Rio 2019 -sob chuva, com pouca luz e raros momentos realmente catárticos. Estes ficam por conta das participações, como o sempre estonteante Rick Ross e o esguio Lil Wayne, na feroz "You Only Live Twice", da máquina de rimas Jay-Z na introspectiva "Love All", e o esfumaçado Travid Scott, em "Fair Trade".

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Com um flow monótono, Drake tem poucos momentos de brilho próprio. O personagem do rapper de Toronto é uma figura complexa. Nem cafajeste demais, nem tão bom moço assim, ele se divide entre a devassidão e as lágrimas pelo coração partido, mas pouco explora estas possibilidades.


As preciosidades de "Certified Lover Boy" estão nas surpresas de estúdio. Como se fosse um daqueles filmes da Marvel cheios de serviços para os fãs, Drake solta pequenas joias para ouvidos mais atentos e quem gosta de fuçar a ficha técnica dos álbuns.

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A personagem feminina de "Papi's Home", que enfileira palavrões com o requinte de um garçom caminhando por um restaurante lotado sem derrubar nenhuma gota, é Nicki Minaj. Já "I'm Too Sexy", hino do Right Said Fred, de 1992, está escancarado em "Way 2 Sexy", música com as participações de Young Thug e Future.


Na ótima -e talvez melhor canção do álbum- "Champagne Poetry", Drake incluiu Paul McCartney e John Lennon como compositores. E isso porque o rapper usou uma versão desmanchada de "Michelle", clássico romântico dos Beatles do álbum "Rubber Soul", de 1965, na abertura da faixa e também usou estes trechos, em looping, para criar o beat sobre o qual ele versa a tal poesia anunciada no título.

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O sucesso de Drake -e de sua fórmula- faz com que ele seja alvo de um ódio desproporcional por parte da turma do rap convencional. Mas tirar o valor do que o canadense cria é ignorar a fina arte de fazer música a partir de colagens e recortes. A sensação é que qualquer som, nas mãos do rapper e de seus produtores, pode se tornar um beat para acompanhar versos tristonhos e ou inebriados.


Com quase uma hora e meia de duração, "Certified Lover Boy" tem ótimos momentos, com Drake e convidados em plena forma, espremidos por longos trechos desapontantes de ideias morosas.


Tal qual ocorreu com Kanye e seu "Donda", o canadense se perde entre a adulação própria em um disco excessivamente longo que poderia ser um ótimo EP de oito boas faixas. Nenhum deles, contudo, merece o título de "vencedor" desta batalha. Empate técnico está de bom tamanho.

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