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Além do corredor

Fábio Galão - Folha de Londrina
27 out 2005 às 17:28

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O sucessor do clássico "Corredor Polonês" (álbum de 1987) não tarda. Pelo menos esta é a intenção de Paulo Barnabé, vocalista e mentor da Patife Band. Ele pretende lançar até dezembro, de forma independente, um disco ao vivo gravado no festival Demo Sul, em Londrina, em 2003. O álbum sairia pelo selo paulista Amplitude, mas o lançamento foi abortado por desentendimentos entre a banda e a gravadora.

"O disco ao vivo é mais um registro da fase atual da Patife Band. Quem conhece o 'Corredor Polonês' vai perceber que estamos usando arranjos diferentes", explicou Barnabé. O álbum traz 11 canções, oito de "Corredor Polonês" e três inéditas, "Veneno", "The Big Stomach" e "Velho Oeste Paulista". "No show em Londrina, tocamos 16 músicas. Para o disco, cortei cinco, porque queria resguardar o material que vamos gravar em estúdio", justificou o vocalista.

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O álbum de inéditas, aliás, é a atual prioridade da Patife Band. "Estou fechando o repertório. Quero gravar 11 ou 12 faixas. O disco vai se chamar 'Pigs & Blaarghhh!!' e pretendo entrar em estúdio em fevereiro ou março do ano que vem. Se surgir uma boa proposta de algum selo para lançá-lo, ótimo. Caso contrário, lanço por conta própria", apontou Barnabé, que espera colocar o disco inédito nas lojas até julho de 2006.

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A Patife Band é uma banda de discografia reduzida: tem no currículo um mini-LP independente (1985) e o álbum "Corredor Polonês". Um terceiro disco sempre ficou à espera de definições na trajetória acidentada do grupo, que "foi" e voltou algumas vezes desde a segunda metade dos anos 80.

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"De uma certa maneira, sempre tive dificuldade para acertar a banda. Era complicado, porque antes ensaiávamos muito e esse processo era prejudicado pela entrada e saída de integrantes. Sinto também que se o som tivesse decolado, se uma gravadora tivesse nos apoiado, já teríamos lançado um novo disco", relatou o vocalista, que explicou que hoje a Patife Band trabalha de modo diferente. "Eu escrevo as músicas, gravo as partes num CD, coloco em partitura e entrego para a banda. É o único método que vejo para a gente continuar. A Patife Band não é um grupo em que os integrantes compõem juntos".


Formada atualmente por Barnabé, pelo guitarrista André Fonseca, pelo baixista Maurício Biazzi e pelo baterista Eduardo Batistela, a Patife Band está tentando manter um ritmo mais constante de shows. Em setembro, o quarteto fez uma elogiada apresentação no Curitiba Rock Festival. Barnabé sente que o público da banda está se renovando – em parte, pelo relançamento de "Corredor Polonês", que em 2002 saiu em CD pela WEA numa tiragem pequena.

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"Esse relançamento deu uma ampliada no culto. E a gravação do show em Londrina 'vazou' na internet, então foi mais uma divulgação para a banda. Hoje, vemos na platéia desde um pessoal mais novo, molecadinha mesmo, até gente com 30, 40 anos", analisou Barnabé. Entretanto, o vocalista afirmou que não consegue perceber influências da Patife Band no som de bandas novas.


"Alguns grupos nos citam como influência, como o Objeto Amarelo e o Biônica. Mas eu sei que o som da Patife Band é muito diferente, é uma visão bem pessoal de música. Tem um pouco da linguagem do punk, elementos de jazz, técnicas de música erudita, com compassos ímpares. É difícil de fazer parecido. Se influenciamos bandas novas, eu acho que é mais pela nossa atitude, honestidade e originalidade do que propriamente pela música", diagnosticou Barnabé.


Mesmo morando em São Paulo desde 1973, o vocalista, nascido em Londrina, ainda se sente pé-vermelho. "Foi em Londrina que começamos tudo, onde desenvolvemos nossa formação e aprendemos sobre atonalismo, música eletrônica. A gente pesquisava muito. Londrina é minha cidade. É desenvolvida culturalmente, com muitos eventos, vida noturna, tem o pessoal que se encontra nas universidades", apontou Barnabé, que vislumbra até a possibilidade de uma carreira internacional para a Patife Band.

Isto porque duas músicas de "Corredor Polonês" ("Teu Bem" e "Poema em Linha Reta") foram incluídas na coletânea "The Sexual Life Of The Savages", que reúne canções de bandas pós-punk de São Paulo e que foi lançada no Reino Unido pelo selo Soul Jazz em maio, com boa repercussão na mídia alternativa. "Recebi uns emails de gente de lá. Quem sabe eu não consigo lançar os discos da Patife Band fora do Brasil?"


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