Em vez de gradual, a evolução de Abel Tesfaye veio num grande salto. Em 2011, o artista conhecido como The Weeknd lançava uma série de elogiadas mixtapes a mais conhecida delas, "House of baloon", de sombrias tintas r&b de forma gratuita no seu site, sem grande alarde, sem entrevistas, sem muita pose. Quatro anos depois, ele está circulando no topo da parada da "Billboard" o olimpo do mainstream com seu segundo álbum, "Beauty behind madness" (lançado pela Universal), que, por sua vez, gerou um hit, "Earned it", um balanço sensual que acabou incluído na trilha do filme "Cinquenta tons de cinza".
O mistério se foi, mas a essência de The Weeknd se manteve praticamente intacta. O cantor canadense, de raízes etíopes e corte de cabelo estilizado, faz parte de uma nova onda de artistas como Solange Knowles, Miguel, AlunaGeorge e Frank Ocean que tem renovado o r&b, com injeções de eletrônica e hip-hop, e um olhar atravessado para antigas convenções em torno do gênero.
Se o álbum anterior, "Kiss land" soava apenas como uma versão mais bem acabada das mixtapes, "Beauty behind madness" é um trabalho com luz própria luz baixa, avermelhada, sexy como é a essência do r&b. Em suas 14 faixas, Tesfaye canta sobre figuras da noite, inclusive ele mesmo, envolvidas num perverso jogo de amor, regado por toda sorte de substâncias, seja nas baladas "Tell your friends" (produzida por Kanye West) e "Prisioner" (em dueto com Lana Del Rey) ou no groove narcótico de "Can’t feel my face". De domingo a domingo, The Weeknd parece só pensar naquilo.
(com informações do site O Globo)