Cada novo álbum que a Banda de Pífanos de Caruaru lança tem a obrigação de constar, imediatamente, como um ítem primordial na documentação da cultura popular nacional. Nada mais justo para um grupo tradicionalíssimo que tem 79 anos de carreira completados - três gerações de músicos já passaram pela banda - e que mantém viva a música tradicional nordestina.
Exatamente neste mês de junho, chegou às lojas o oitavo rebento dessa trupe, intitulado "No Século XXI, no Pátio do Forró", lançado pela Trama (que em 1999 já havia lançado seu CD anterior, "Tudo Isso é São João"). Não havia data mais apropriada para este disco chegar às lojas, afinal de contas é em junho em que as músicas tradicionais estão mais em voga na região do agreste nordestino por ocasiões das festas juninas, comemoradas do primeiro ao último dia do mês.
Este novo álbum da Banda de Pífanos de Caruaru, no entanto, está mais enxuto em relação à variedade de tradicionalismos. Em vez de desfilar um leque variado de ritmos como xote, baião e côco, "No Século XXI..." é um disco dedicado quase que unicamente ao forró. É bem provável que o motivo desta seleção seja mercadológico, em vista do sucesso que o ritmo tem conquistado nos últimos dois anos - vide a onda de forró universitário que teve como nome mais famoso o grupo Falamansa.
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Com a moda, ou sem ela, a Banda de Pífanos tem todo o direito de dedicar um disco inteiro ao forró sem sofrer represálias, uma vez que o grupo toca este tipo de música desde o tempo em que os avós dos integrantes do Falamansa ainda brincavam com bola de gude.
"No Século XXI..." traz forró em várias velocidades. "Marina", "Casaca de Couro" e "Pisada do Gato Preto" (que já conta com videoclipe) são as mais aceleradas, daquelas em que o casal dança rapidinho no baile, girando em círculo as mãos dadas que conduzem a dança. Em contraponto, "Carupina", "Caruaru Caruaru" e "Forroziar" são mais arrastadas, não só no andamento, mas no jeito de dançar, que deve ser bem gingado, arrastando as chinelas e cheirando o cangote do par.
O mestre Luiz Gonzaga não pode deixar de ser lembrado ao se ouvir músicas como "Casaca de Couro" e "No Pátio do Forró" (cujo andamento lembra os clássicos do Velho Guerreiro "Casa de Reboco" e "Ovo de Codorna", respectivamente). Por falar em Gonzagão, o grupo regravou a road song "A Vida do Viajante" e incluiu um trecho de "Asa Branca" como música incidental da já citada "Forroziar".
Como já foi escrito em algum parágrafo acima, este álbum da Banda de Pífanos é dedicado QUASE que unicamente ao forró. Mantendo vivo o resgate de ritmos tradicionais nordestinos, o disco traz como boas amostras "O Canto da Ema", que remete à música familiar de festas religiosas nordestinas, e "Pot-Pourri de Ciranda", que deixa claro no próprio nome que se decida ao ritmo da ciranda.
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