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Com os pés

DJ sem braços causa sensação em boates europeias

BBC Brasil
08 set 2009 às 13:27

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- Kyle Lyons/BBC Brasil
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Um DJ que usa os pés - em vez da mãos - para mixar discos se tornou uma estrela da noite na Espanha e um dos destaques deste verão europeu.

O francês Pascal Kleiman, radicado na Espanha há 26 anos, nasceu sem braços devido a uma malformação fetal causada pelo medicamento talidomida, ingerido por sua mãe na gravidez.

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A deficiência física, no entanto, não o impediu de tentar a carreira de DJ. Como Kleiman conta no documentário espanhol Héroes, no hacen falta alas para volar ("Heróis, não é preciso asas para voar", em tradução livre), prêmio Goya ao melhor curta-metragem deste ano, "aprender a usar os pés foi uma resposta natural".

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O filme ganhou mais de 30 prêmios internacionais, aumentando ainda mais a popularidade do DJ.

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Persistência


Kleiman adotou a profissão em 1989, quando trancou o curso de Direito e começou a tocar para os amigos.

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Autodidata, descobriu que "aquilo era a única coisa que permitia uma expressão absoluta".


A partir dali passou a dar shows pela Europa, Austrália, China e Estados Unidos, e em 2009 foi eleito por publicações espanholas um dos melhores DJs locais do verão.

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Filho de um clarinetista de jazz, Pascal Kleiman considera um exagero ser chamado de "herói", mas admite ter feito muitos esforços para realizar seu sonho com a música.


Quando criança, aprendeu a ler e escrever com o avô e compreendeu cedo que usando os pés poderia superar quase qualquer limitação.

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"Meus pais me diziam que quando eu era bebê chorava quando me vestiam com este tipo de macacão que cobre os pés, porque aquilo me cortava o movimento. Meus pés sempre foram claramente minhas ferramentas de primeira necessidade", afirmou no documentário.


Por isso, declarou no filme que a persistência e a capacidade de adaptação são suas "armas secretas", e gostaria que muitos espectadores pudessem ver o documentário para acreditar em suas próprias possibilidades.

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"Vivemos em uma sociedade que não está feita para nós (deficientes), portanto temos que nos adaptar a tudo. O que consegui foi me adaptando e acreditando em que tudo é possível".


O DJ que já tocou até numa discoteca em pleno deserto no Oriente Médio percorreu 88 países com a promoção do filme sobre a vida dele, do autor espanhol Ángel Loza.

Com o sucesso do documentário e dos shows, a única coisa que espera é "continuar tendo uma vida normal", inclusive com seus dois filhos, que nasceram perfeitos, mas também estão aprendendo a usar os pés para atuar como DJs.


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