Ela acaba de retornar de uma turnê européia que contou com 12 shows, todos com bilheteria esgotada. Está se preparando para tocar em Miami e no Canadá, onde tocará com um grupo de percussão japonesa e fará uma participação no novo trabalho da banda Living Colour. E tudo isso sem (ainda) ter seu primeiro CD lançado por aquelas plagas.
Antes mesmo de ter seu primeiro álbum lançado pela Trama, Fernanda Porto já havia ganhado elogios de Fatboy Slim, além de ter uma música incluída na trilha da novela "Um Anjo Caiu do Céu". Workaholic que só ela, a cantora ainda encontra tempo para se dedicar a shows pelo Brasil e compor trilhas sonoras para cinema.
Assuntos como estes, além de muitos outros, são comentados pela cantora nesta entrevista, realizada após muitos adiamentos - conseguir um horário na agenda dela não foi fácil.
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Bonde: Você acabou de voltar de uma turnê pela Europa. Comente um pouco sobre como foram os shows.
Fernanda Porto: Eu fui fazer o lançamento de uma coletânea, a "Sambaloco Drum'n'Bass", que é um CD basicamente de remixes. Eu tinha três faixas nesta coletânea. Depois da minha apresentação, quem tocava era o Mad Zoo. Ele tem várias faixas neste álbum, inclusive os remixes das minhas músicas, "Sambassim" e "Só Tinha De Ser Com Você". Foram doze apresentações, sendo sete shows na Inglaterra, três na Escócia, um no País de Gales e Escócia. Na verdade, eu acabei fazendo um pré-lançamento do meu disco por lá. Foi como se fosse o meu cartão de visitas para o público europeu. Em setembro ou outubro o meu primeiro CD será lançado na Europa. Aí então eu voltarei a me apresentar por lá para divulgá-lo.
Bonde: Artistas brasileiros que tocam na Inglaterra costumam ter platéias formadas por muitos brasileiros. Havia muitos nos seus shows?
FP: Eu vou tomar como referência a Cargo, em Londres, que foi a casa mais importante onde eu toquei. Eu estimo que 15% do público era formado por brasileiros. Mas eu cheguei a tocar em alguns locais onde só tinha um brasileiro assistindo. A maioria do público era jovem e formado por europeus.
Bonde: Apesar da sua música ter muito de eletrônica, você toca muito em teatros e anfiteatros no Brasil. Como foram os locais em que você tocou na Europa?
FP: Nenhum dos shows foi realizado em teatro ou anfiteatro, mas sim em casas noturnas. Eu gosto bastante de tocar em teatro. Aqui no Brasil eu costumo me apresentar neles com freqüência. Mas quando eu retornar à Europa, acompanhada de uma banda, eu vou fazer um circuito de teatros.
Bonde: Quais as espectativas para os seus shows em Miami e no Canadá, nos próximos dias?
FP: Estou saindo de viagem no dia 25 de maio. Teremos um primeiro show no dia 30, com o grupo de percussão Fushu Daiko. No dia 08 de junho eu vou me apresentar no encerramento do Miami Film Festival, onde eu vou ser homenageada, por trabalhar com trilhas sonoras. Inclusive, eu estou trabalhando agora na trilha de "Cabra Cega", um filme que é romanceado em cima da ditadura. A trilha é formada basicamente por releituras de músicas da época, como "Deus Lhe Pague" e "Construção", do Chico Buarque, além de composições inéditas. Eu vou chamar outros intérpretes para cantar também.
Bonde: Fale mais sobre este grupo que vai tocar com você, o Fushu Daiko.
FP: Este é um grupo formado, em sua maioria, por japoneses que moram em várias cidades da Flórida. Ao todo, são doze integrantes. Eles tocam por todos os Estados Unidos. No meu show, eles vão participar das quatro músicas finais. Lá eu também vou fazer um trabalho com a banda Living Colour, que está voltando, com a mesma formação que se apresentou no Brasil: o vocalista Corey Glover, o guitarrista Vernon Reid, o baixista Doug Wimbish e o baterista Will Calhoun.
Bonde: Como você se envolveu no mercado de trilhas sonoras?
FP: Foi muito sem querer. O que aconteceu foi que eu tinha alguns colegas do colegial que se tornaram cineastas. Como eles sabiam do meu envolvimento com música, me encomendavam algumas trilhas. Aí quando os filmes eram exibidos em festivais, outras pessoas ficavam conhecendo o meu trabalho e depois me convidavam para compor outras trilhas. Por tempos esta foi a minha principal fonte de renda.
Bonde: Além do seu sucesso no exterior, outros artistas semelhantes também são bem sucedidos em outros países, como a Bebel Giberto e o Otto. Como você analisa o sucesso de artistas nacionai no exterior, que fundem música eletrônica com ritmos brasileiros?
FP: Música eletrônica é um estilo que, vamos dizer assim, liga as pessoas. Apesar de ter milhares de variações, é uma linguagem atual. Esta é uma característica que já abre portas. Mas não é só isso, pois ainda há os ritmos nitidamente brasileiros incorporados, como também acontece nas músicas do Otto, Max de Castro, Bebel Gilberto, entre outros. Para os estrangeiros, o ritmo brasileiro é uma coisa fantástica. Eles não conseguem reproduzir isso. É algo único dos artistas brasileiros, que faz a diferença. É um aspecto de artistas da Trama, que apresentam uma grande brasilidade, e isto os faz internacionais. É curioso que artistas nacionais de sucesso, como Jota Quest por exemplo, não tocariam no exterior, pois o som que eles fazem não é o que os estrangeiros procuram.