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Free Jazz Project contou com duas noites bem contrastantes

Rodrigo Juste Duarte
17 set 2001 às 17:28

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Freqüentadores do Moinho São Roque devem ter notado muita diferença no aspecto da casa durante as duas noites do Free Jazz Project, que aconteceram nos dias 21 e 22 de agosto. Estruturas com andaimes, faixas listradas de amarelo e preto e compensados nas cores azul, vermelho e branco decoravam o lugar. E não estava sendo feita nenhuma reforma, pois estava tudo muito "clean" - os andaimes eram novinhos em folha! O conjunto fazia parte da programação visual do Free Jazz Project, um evento que serviu como uma espécie de preparação ou eliminatória para o Free Jazz Festival, que ocorre no final de outubro, em São Paulo e no Rio de Janeiro.

O padrão Free Jazz estava em todos os cantos. Nem parecia que aquela noite se passava em Curitiba. Estava com muita cara de noite paulistana, isso sim. A decoração remetia a do Village, que é o espaço do Jóquei Clube de São Paulo onde ocorre o Free Jazz Festival. As pessoas que transitavam pelo Moinho também levavam jeito de freqüentadoras da noite paulistana. Melhor: parecia ser uma grande excursão de Curitiba que tinha ido para uma festa em São Paulo. Esse era o clima.

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Na primeira noite, os shows ficaram por conta de Turbo Funk, Max de Castro e Paula Lima. Como se vê, os estilos transitavam entre as diversas vertentes da música negra, como soul, funk, samba rock, um pouco de eletrônica e (claro) jazz. Não é de hoje que o termo "jazz" no nome do evento tem ganhado uma nova conotação. Provavelmente os idealizadores do evento devem estar definindo "jazz" hoje em dia como música bem elaborada, preferencialmente com mistura de ritmos.

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O curitibano Turbo Funk estreou o palco com uma trupe de sete integrantes, que executou uma bem suingada mistura de funk com jazz, salsa e samba. Das nove músicas, os destaque mais notáveis foram as releituras de "Cantaloop" (Herbie Hancock/US3) e "Odilê, Odilá" (João Bosco e Martinho da Vila). O vocalista Otto Nascarelli caprichou nas performances, juntamente com os dançarinos da Companhia de Break Foot Work Crew. Mas a banda que o acompanhava não estava correspondendo. Esteve fria durante o show. Precisava se soltar mais.

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No set seguinte, a situação se inverteu. Max de Castro trouxe uma banda bastante animada e vigorosa. Só exagerou em trazer dois tecladistas. Seria mais eficiente trocar um deles por um naipe de metais. Mas ainda assim, o instrumental rendeu muito bem. Já o "frontman" Max de Castro não consegue empolgar. Não tem carisma nem presença de palco. Para completar, sua voz é fraquíssima.


Durante a participação especial de seu irmão Wilson Simoninha, Max, que já estava apagado, foi pulverizado por completo. Simoninha sim, apresenta as características que seu irmão caçula fica devendo. Max de Castro tem recebido mais prestígio ultimamente por seu trabalho como produtor. Seria mais interessante para ele (e para o público) que se dedicasse integralmente aos bastidores. Após este show, o curitibano DJ Primo fez uma excepcional seleção de black music para animar a pista. Logo abriu-se no meio do público uma roda na qual dançarinos de break exibiam suas coreografias - não falei que a noite parecia ser paulistana?

Por fim, a cantora Paula Lima fechou a noite com bastante requinte. Ela é um exemplar clássico e raro de uma diva da black music: uma negra de grande porte com uma poderosa voz. Para auxiliá-la, havia uma big band super competente. Se Paula ficasse sem cantar por mais de um minuto, eles ameaçavam roubar o show - os percussionistas que o digam. Duas participações especiais só incrementaram o espetáculo: Gerson King Combo, nome da velha guarda da soul music, que voltou à ativa, e Seu Jorge, ex-Farofa Carioca, que está saindo em carreira solo. A noite termina bem. O mais surpreendente era o público. Bastante numeroso para uma terça-feira.


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