Durante 15 anos, o produtor cultural Manoel de Souza Neto percorreu os eventos musicais de Curitiba, reunindo material de grupos, bandas, duplas, pesquisadores e músicos que encontrava pela frente.
A peregrinação rendeu um dos maiores acervos sobre a música paranaense já reunidos, composto tanto por discos como por histórias peculiares do cenário musical da cidade e do Estado.
O resultado pode ser conferido no livro ''A (des) construção da música da cultura paranaense'', um catatau de mais de 700 páginas. No livro, a pesquisa do produtor serviu de base para organizar 80 artigos de 39 autores que traçam um panorama da música popular e erudita do Paraná.
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É a primeira obra lançada no sentido de desvendar os aspectos dessa área da cultura paranaense. A obra foi dividida em cinco longos capítulos: ''Histórias e Memórias''; ''Diversidade Musical''; ''Preservação e Memória''; ''Educação Musical'' e ''Questões Políticas, Econômicas e Sociais''.
Não se trata, conforme ressalta o organizador, de um livro de história ou um almanaque, mas uma coletânea de textos que podem servir de base para o leitor realizar a sua própria conclusão sobre a cena musical do Estado e seus diversos gêneros.
A idéia de organizar a coletânea surgiu há 10 anos, quando amigos de Manoel Neto chamaram a atenção do produtor para a quantidade de acervo que ele já tinha catalogado ao longo dos anos.
O produtor, no entanto, decidiu reunir outras pesquisas que estavam sendo feitas sobre a música na tentativa de lançar um material ainda mais completo. ''O livro serve como pano de fundo para a história e a crítica da música paranaense'', analisa.
Para o produtor, as diferentes visões abordadas no livro fazem com que a obra vá se construindo e descontruindo ao longo das páginas. E foi exatamente esse o critério o das visões diversas que levou Manoel Neto a escolher os autores, além de uma pesquisa abrangente e criteriosa desenvolvida por cada um deles.
O livro traz a história da música no Estado desde 1600, até os dias atuais e mostra, segundo ressalta o organizador, que o cenário musical atual não passa de um reflexo da movimentação em torno do tema ao longo desses anos.
A proibição do fandango ritmo típico do litoral paranaense pelas elites, por exemplo, mostra como o preconceito e as próprias questões econômicas podem abafar a proliferação dos gêneros.
O desaparecimento de mais de 200 títulos de duplas sertanejas do Estado também é abordado no livro como uma questão a ser avaliada e recuperada.
''A (des) construção da música na cultura paranaense'' traz apresentação de Luiz Carlos Prestes Filho, herdeiro do militante Luiz Carlos Prestes. Ele é coordenador do Núcleo de Estudos de Economia da Cultura, na Pontifícia Universidade Católica (PUC) do Rio de Janeiro e na contracapa do livro fala sobre a música como fator de desenvolvimento.
A abordagem de Prestes ressalta como a pesquisa organizada por Manoel Neto pode ser de relevância cultural não apenas limitada ao Paraná, mas com abrangência em outros estados. ''Nossa intenção é de que o livro chegue a outras regiões, também'', salienta o organizador.
A primeira edição do livro, que tem lançamento em eventos durante todo o mês de setembro, é de 3 mil exemplares. A obra não chega sob a batuta de nenhuma lei de incentivo. É uma organização independente e pode ser encontrada nas livrarias Curitiba, Saraiva, Fnac e em bares da cidade por R$ 48,00. Pedidos podem ser feitos no Umbigo Espaço Cultural (espaç[email protected]), quando a obra sai por R$ 35,00.
Datas de lançamento:
- 14 de setembro, terça-feira, na Fnac Curitiba, Rua Prof. Viriato Parigot de Souza, 600 (Park Shop Barigui), bate-papo com os autores no Frans Café às 19 horas
- 23 de setembro, quinta-feira, na Biblioteca Pública do Paraná, Rua Cândido Lopes, 133 - Centro, lançamento no saguão térreo, às 19 horas
Confira os autores que integram a coletânea ''A (des) construção da música na cultura paranaense'':
Aimoré Índio do Brasil Arantes
André Alves
Aramis Millarch
Arthur Carlos Mohr
Bernadete Zagonel
Carla Umbria Lemos
Carlos Borges Lima
Cremildes Ferreira Bahr
Daniella Gramani
Deborah Fuks
Edivino dos Santos Filho
Elisabeth Seraphin Prosser
Gilberto Baroni
Glerm Soares
Guilherme Romanelli
Inami Custódio Pinto
Janaina Monteiro
Jocely Tomio Arantes
José de Melo
José Luiz de Carvalho
Lai Bottmann Pereira
Lia Marchi
Liana Marisa Justus
Luís Gustavo Slomp
Magnus Pereira
Manoel de Souza Neto
Marcello Polinari
Marcelo Sandman
Marcilene de Souza
Marcio José dos Santos
Mari Lopes
Mário Deina
Rodrigo Juste Duarte
Rogério Budasz
Roselys Velloso Roderjan
Sérgio Albach
Sérgio Deslandes
Telma Regina Gomes
Thaís Morell