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Músico carioca Francis Hime lança a própria biografia

03 out 2017 às 09:07

Se tudo se define nos primeiros anos da infância e se sedimenta na juventude, com Francis Hime foi assim: aos oito anos de idade, isso em 1948, ele era um semi-interno do Colégio Santa Marcelina, na Tijuca.

Ou seja, só saía para ir para casa depois de 15 dias caminhando sobre regras e mandamentos. Depois de um breve tempo de respiro em um externato, voltou a outro colégio linha-dura e odiou de novo. A vida virou assim uma emergência logo cedo. E não teve pai que o segurou nas noites em que, ainda menor de idade, fugia para ver Luizinho Eça tocar piano no Hotel Plaza, em Copacabana.



Francis Hime ainda levou tempo para dizer a si mesmo que queria se tornar músico. Antes disso, suportaria toda uma temporada de estudos na Suíça, para onde fora mandado pelos pais para fazer o equivalente ao que era o estudo científico no Brasil (ensino médio), e a faculdade de Engenharia Mecânica.


Sem falar nenhuma língua estrangeira, ele embarcou sozinho para uma viagem de 26 horas de avião, com escalas em Recife, Dacar e Lisboa até chegar a Zurique, e ficou em terras estrangeiras até concluir os estudos. Sentiu a vida fazendo as escolhas por ele até que, no dia da formatura, já de volta ao Brasil, faltaria na cerimônia da entrega do diploma para tocar na inauguração da TV Bandeirantes.


As histórias e a música do criador da linguagem harmônica mais sofisticada que se ergueu sobre o mar da bossa nova a partir de 1959, o autor de Vai Passar, Trocando em Miúdos, Atrás da Porta e Choro Rasgado, dentre tantas outras, parceiro de Vinicius de Moraes, Chico Buarque, Paulo César Pinheiro, Ruy Guerra, Geraldo Carneiro e Olivia Hime, dentre tantos outros, resolveu contar ele mesmo passagens que dão pistas de como se forma sua personalidade artística, de como é o contexto social em que surge e de como a vida o encaminha para a música de forma tortuosa. O livro se chama Trocando em Miúdos as Minhas Canções, e sai pela editora Terceiro Nome. O lançamento em São Paulo será na quinta, 5.


O projeto desenha traços biográficos desde a infância de Hime até sua produção de trilhas sonoras e composições orquestrais. E, talvez a maior novidade, usa o recurso do QR-Code, viabilizando áudios durante a leitura e propondo um mergulho maior do que uma experiência passiva.


"Eu acabei escrevendo algo com um contorno mais autobiográfico", diz ele. "Queria mostrar, no fundo, como essas canções vêm à tona." A obra de Francis Hime tem no centro, ele diz, a harmonia. "Mais do que a melodia." Por isso, nada o frustra mais do que ver os acordes que tanto trabalhou tocados de forma errada, ou com um conceito de rearmonização sem critério algum. "Eu queria desvendar como acontece o processo de criação de um compositor", ele diz, reforçando que há de se ter respeito quando se executa uma obra alheia.

TROCANDO EM MIÚDOS AS MINHAS CANÇÕES - FRANCIS HIME
Editora: Terceiro Nome
Preço médio: R$ 99,90
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.


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