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Pelebrói Não Sei traz punk rock com uma cara diferente

Rodrigo Juste Duarte
16 jun 2001 às 14:41

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"Positivamente Mórbido", primeiro álbum da banda de punk rock curitibana Pelebrói Não Sei, foi um dos CDs curitibanos mais aguardados do ano. Quando chegou da fábrica, em meados de abril, vendeu nove cópias logo no primeiro dia (ou melhor, primeira tarde), sem divulgação alguma.

Foram nove freqüentadores da loja do selo Barulho Records (responsável pelo lançamento), que por lá passavam e levaram o disco para ouvir em primeira mão. Em uma semana, já haviam sido vendidas 150 cópias. Um número alto para o circuito alternativo. Nesse ritmo, a tiragem inicial de mil cópias já deve estar à beira de esgotar.

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Mas o que há de tão especial no Pelebrói Não Sei? Provavelmente, as apresentações ao vivo. Elas chamam a atenção, especialmente por causa do vocalista Oneide Dee Diedrich. Ele é um louco! Um dos performers mais alucinados (e, porque não dizer, rock'n'roll) que já passaram pelos palcos curitibanos. Esse sujeito originário de Foz do Iguaçu não tem o menor pudor em "soltar os bichos" no palco. Inclusive o nome da banda é obra dele. O nome Pelebrói Não Sei passou anos sendo rabiscado em seus cadernos escolares. Por muito tempo ele dizia que este seria o nome de sua banda, mesmo antes de ter uma.

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A carreira que o grupo fez no palco levou seus fãs a uma preocupação: será que eles conseguiriam gravar um CD que "sobrevivesse" sem os shows? Resposta: Sim. "Positivamente Mórbido" foi gravado entre os dias 8 e 10 de setembro do ano passado, aproveitando o feriado prolongado. Quanto à gravação, o CD já merece um mérito: está muito bem gravado, mas ainda assim soando sujo e barulhento, como um álbum de punk rock deve soar. Foi gravado em sistema digital, mas o grupo não se deixou encantar pelos recursos avançados que deixam as gravações excessivamente limpas, cristalinas e (até) pasteurizadas.

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No quesito sonoridade, duas influências são mais do que aparentes (aliás, declaradas pelo grupo): os americamos Ramones e os gaúchos Replicantes. Talvez as duas bandas que explicitaram o lado mais arteiro do punk rock, em seus respectivos países de origem. Se fosse para escolher um clássico de cada uma destas bandas que representasse o universo do Pelebrói, provavelmente "Festa Punk" e "I Wanna Live" (ou então "I Don´t Wanna Grown Up") seriam as eleitas.


A partir destas referências, já se imagina como seja o som "pelebrônico": punk rock energético, mas com o diferencial de que a guitarra muitas vezes tem afinação de rock'n'roll antigo, das décadas de 50 e 60. A música "Teddy Holliday Club" é um bom exemplo desta sonoridade, contando até com a participação do baixo acústico de Gustavão da banda psychobilly Os Catalépticos. Nas letras, o espírito adolescente está sempre presente, mas dando o ar de uma rebeldia simpática. Vide exemplos como "Velhos Dias (Camiseta e Calça Jeans)", "Tum Tum Pá Yeah!" e "Blá Blá Baby".


Temas como festa, rebeldia, diversão e sacanagem são freqüentes, mas com certeza é o lado sentimental da adolescência que rouba o disco. Relacionamentos terminados renderam quatro músicas: "Sem Açúcar Sem Afeto", "Céu Sem Cor" (que já toca na 96 Rádio Rock FM), "Gata Pelebrônica"(esta, com um clima mais sacana) e "Tchau!!!" (uma balada). A canção "Odontalgia" também pode entrar no contexto. Seu refrão diz: "Será que não notas, não consegues perceber que minha dor de dente é você?" - note mais uma referência gaúcha na letra escrita em segunda pessoa, como tantas no CD.

Um detalhe curioso neste álbum (que já entrou para a lista de melhores do ano) é um sinal de bip de secretária eletrônica. Ele aparece no início da primeira faixa e no final da última. Nos 38 minutos e 48 segundos de duração de "Positivamente Mórbido", o Pelebrói passou muito bem o seu recado.


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