Paulistas e cariocas queixam-se pelo ano de 2001 quando o assunto é a passagem de turnês internacionais por solo brasileiro. Para quem vive em capitais que costumam ser parada obrigatória de grandes artistas, o ano não foi muito ativo mesmo. Os cariocas (e quem mais teve disposição para viajar até a cidade maravilhosa) tiveram uma oportunidade para ver grandes shows em janeiro, quando foi realizado o Rock in Rio III (por um mundo melhor, como afirmava o slogan), que trouxe R.E.M., Neil Young, Guns N Roses, Sting, Iron Maiden, Foo Fighters e Red Hot Chili Peppers, entre outros grandes nomes que limitaram-se ao grande festival, sem fazer outros shows pelo País.
Mais tarde, em outubro, o consagrado guitarrista Eric Clapton fez uma concorridíssima turnê nacional que deixou o Paraná de lado, passando por São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. No final do mesmo mês, Rio e São Paulo aproveitaram as novidades trazidas para o Free Jazz Festival, como os indies em ponto de bala Belle and Sebastian, Sigur Ros e Grandaddy; os eletrônicos Fatboy Slim, Aphex Twin e Roni Size; os clássicos The Temptations, Macy Gray, entre outros nomes badalados.
Se para os habitantes das duas maiores capitais brasileiras 2001 foi devagar em shows gringos, para os curitibanos, acostumados a raramente terem Curitiba como point de grandes turnês, o ano foi normal. Houve a passagem de grupos estrangeiros pela terrinha, sim, mas todos nomes de pequeno porte ou então já veteranos no ofício musical que tiveram dias melhores de glória. Exemplo é o maestro Ray Connif que trouxe até o Teatro Guaíra seu show de despedida, anunciando sua aposentadoria dos palcos.
Na praia do metal, nomes consagrados como Halloween (este, trazendo uma infra-estrutura de palco invejável), Savatage, Nevermore, Children of Bodom e o virtuoso guitarrista Yngwie Malmsteen também deram as caras por aqui para alegria dos headbangers, popularmente conhecidos como metaleiros. Este é um tipo de público do mais fiel, que comparece sempre aos shows, independente do artista estar na mídia ou não. A maior surpresa foi a reunião de vocalistas de bandas clássicas do heavy metal, como Glenn Hughes (Purple/Sabbath), Joe Lynn Turner (Purple/Rainbow) e mais meia dúzia de nomes, que se encontraram para o show Voices of Classic Rock, no Guairão em novembro.
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Programa de indie
As bandas mais alternativas de indie-rock, folk e noise mais uma vez marcaram presença pela cidade. Afinal de contas, como seu público não é lá muito numeroso, elas precisam fazer turnês extensas, que passem por um maior número de cidades possíveis. Melhor para o público alternativo local, que fica abastecido de bons shows. Logo em janeiro, o Mudhoney (banda clássica de Seattle) apresentou-se em Curitiba, enquanto o Yo La Tengo seguiu para Maringá, gerando uma certa polêmica na época entre os indies das duas cidades.
Em abril, algo semelhante ocorreu quando o blues punk de Jon Spencer Blues Explosion rumou para Maringá, deixando Curitiba a ver navios. A capital revidou, conseguindo exclusividade paranaense para as apresentações da cantora folk Cat Power e dos texanos irados do Trail of Dead no fim do ano. Já Man or Astroman (pela terceira vez no Brasil), Trans AM e Luna passaram por Curitiba e Londrina sem gerar richas bairristas.
No ramo musical mais agressivo do punk rock e do hardcore, Curitiba recebeu praticamente todos os artistas gringos que pelo Brasil passaram, uma vez que em Curitiba este público é grande. Dois medalhões do gênero de cara garantiram o delírio de fãs: os norte-americanos Dead Kennedys (retornando com vocalista novo) e os ingleses Buzzcocks. Bastante prestigiados também foram Bad Religion, The Queers, Bambix, Varukers, Agent Orange e TSOL. Em segmentos semelhantes, se aventuraram por aqui o ska-core Voodoo Glow Skulls e os psychobilly Cenobites, com grandes shows registrados na história dos palcos curitibanos.
Adoradores de Jah foram menos prestigiados, mas em compensação presenciaram a banda de Bob Marley, The Wailers, que lotou o Moinho São Roque com milhares de fãs em plena quarta-feira. Boa parte dos clássicos do mestre do reggae foram apreciados, na voz de Gary "Nesta" Pine, sósia de Marley em todos os sentidos. Nomes mais modestos como Boom Shaka e David Hubbard completam a pequena lista de artistas do estilo.
Já na eletrônica, a melhor oportunidade para dançar ao som de DJs internacionais foi o Skol Beats, realizado em abril no Jóquei Clube. O evento promoveu uma das maior raves do ano em Curitiba, atraindo muita gente para conferir os sets de gente consagrada na noite mundo afora como Plastikman, Mr. C, Christopher Lawrence e H-Foundation.
* na próxima semana publicaremos uma matéria com os artistas internacionais escalados e cogitados para tocar em Curitiba neste ano.