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Rolando Castello Junior fala dos 25 anos de Patrulha do Espaço

Murilo Gatti
15 jan 2002 às 17:28

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Entre vários pousos e decolagens, a Patrulha do Espaço voltou ao hangar pela última vez em 1995. Parecia o fim de uma das maiores bandas de rock do País, se considerarmos a música e não a mídia. "O negócio foi totalmente impensado, me convidaram para fazer uma ‘jam’ e resolvemos atacar de novo", conta o baterista Rolando Castello Junior, único integrante da formação original e responsável por colocar a nave para funcionar de novo há um ano e meio. Ao seu lado, o baixista Luis Domingues e os multi-instrumentistas e vocalistas Marcelo Shevano e Rodrigo Hid.

Apesar de mais novos que Junior, os integrantes Patrulha do Espaço trazem as mesmas influências musicais, como Jimi Hendrix e a banda Cream, que contava com a guitarra mágica de Eric Clapton. São referências do rock dos anos 70, com sua pegada pesada variando entre as baladas e o som progressivo, quase experimental. Uma mistura que pode ser ouvida no CD "Chronophagia", gravado em 2000 pela formação atual.

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No momento, a banda está na estrada divulgando o CD "Dossiê Vol. 4" (1992-2000), lançado em Londrina no dia 10 de janeiro. É uma coletânea que resgata os últimos trabalhos da Patrulha em vinil. De 1977 a 1995, foram oito "bolachões" (como carinhosamente são conhecidos os discos de vinil). A primeira coletânea foi lançada em 1997 e no ano seguinte saíram os volumes 2 e 3. Depois foi feita uma caixa com os três discos. "Um trabalho totalmente ecológico com a capa e a caixa em papel reciclado", conta Junior, que adiantou em entrevista ao Bonde o lançamento ainda este ano de uma caixa com os quatro volumes.

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A maioria das músicas do "Dossiê Vol. 4" são do disco "Primus Inter Pares", que em latim significa "Primeiro Entre Seus Pares" e que para Junior define o que foi e o que é a Patrulha do Espaço. "Este trabalho é um tributo ao baixista Sérgio Santana e foi gravado praticamente ao vivo no ano de 1992, em Santo André (SP)", lembra o baterista, que reuniu antigos patrulheiros para a gravação do LP, lançado somente em 1994 devido a alguns problemas para a liberação do material.

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Entre os projetos do grupo, está a gravação de um novo CD, que pode ser lançado por uma grande gravadora. "Pintaram algumas sondagens de gravadoras e estamos negociando. O disco está praticamente pronto. A parte instrumental e os vocais estão gravados, só está faltando a mixagem. Mas mesmo que não role o contrato, o disco sai de maneira independente como todos os outros da Patrulha", conta Junior, que garante só irá assinar o contrato se a banda tiver independência quanto ao som produzido.


Em sua última passagem por Londrina, Junior conta que além de um show realizado em 2000, ele também já fez uns três ou quatro workshops na cidade. "Londrina é diferente. Não tem nada a ver com o resto do Paraná. Talvez seja pela proximidade com São Paulo. Tenho um carinho muito especial por esta cidade".

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Bonde: Qual foi a melhor fase da Patrulha do Espaço?
Junior: Fica difícil escolher uma. Colocaria umas duas, três ou quatro fases. O começo com o Arnaldo Baptista foi muito especial. Com o Percy (ex-Made in Brazil), o Cokinho, eu e o Dudu também foi muito bom. Depois quando ficou só eu, o Dudu e o Sérgio. Em 1985, com o argentino Pappo, também foi experiência legal. Eu também não posso deixar de fora a formação atual, que está ótima.


Bonde: O que levou o Arnaldo Baptista a sair do grupo apenas nove meses depois da criação da Patrulha?
Junior: Desde o começo a coisa começou errada. Os empresários ficaram pressionando e o que era para ser a Patrulha do Espaço, acabou tornando-se um engenho chamado Arnaldo e a Patrulha do Espaço. Depois chegou uma hora que o Arnaldo estava muito caseiro, com vários problemas. Nós tínhamos que pegar a estrada e ele não estava muito afim.

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Bonde: Por que vocês não relançam os dois discos gravados com o Arnaldo?
Junior: Os discos estão nas mãos de uma grande gravadora, que eu nem sei se ainda conta com uma filial no Brasil. Eles não relançam porque não querem vender dez mil cópias, querem vender um milhão. As gravadoras são uma fábrica de fazer dinheiro, que querem alienar os analfabetos do Brasil.


Bonde: Como você avalia o rock nacional hoje?
Junior: Tem duas vertentes, uma pop, que as pessoas chamam de rock, e a outra que toca rock, mas é um rock com a mesma pegada. Está tudo estagnado, a mídia empurra tudo goela abaixo do público.

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Bonde: Qual foi a época mais difícil para tocar rock no Brasil?
Junior: Sem dúvida alguma foi no começo dos anos 80 com a new wave. Se você não tivesse topetinho e usasse roupas esquisitas não conseguia nada.


Bonde: Em 1983, vocês fizeram um show de abertura para o Van Halley e logo depois você sofreu um acidente. Como foi este período da Patrulha?
Junior: Foi uma época muito difícil. O Brasil ainda estava na ditadura e não tínhamos espaço na mídia e nem muitos lugares para tocar. O show foi ótimo, abriu algumas portas. Logo depois veio o acidente. Uma coisa corriqueira numa cidade como São Paulo. Foi um incidente de rua em que eu acabei baleado. Íamos fazer uma turnê grande e isso acabou interrompendo o nosso trabalho.

Bonde: Como são os shows da Patrulha?
Junior: Cada show é um show. Vamos mudando conforme o dia. Tocamos o material dos oito vinis, músicas inéditas do CD que sai este ano, faixas do disco "Chronophagia", de 2000, e dos dois LPs com o Arnaldo. Às vezes, também fazemos algumas homenagens. No fim de semana do dia 19 de janeiro, vamos tocar em Porto Alegre e estamos preparando alguma coisa do Bicho da Seda e do Mutantes.


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