Curitiba - No que promete ser o ano mais rock de todos os tempos no Brasil -já vieram Placebo, MC5, The Kills e ainda estão por vir The Strokes, Kings of Leon, Arcade Fire, Television, Elvis Costello, Flaming Lips, Iggy and the Stooges, Sonic Youth, Nine Inch Nails, entre outros-, Curitiba entra em cena com as atrações mais alternativas do pop e do rock no calendário da temporada nacional. E neste sábado, no primeiro dia do Curitiba Rock Festival (CRF), traz pela primeira vez para a América do Sul a cultuada banda norte-americana Weezer.
Depois de duas bem-sucedidas edições, com o então Curitiba Pop Festival -que trouxe nada mais, nada menos que Pixies, Teenage Fanclub e The Breeders, por exemplo-, o festival mudou de nome, agora mais rock. O CRF, que deveria acontecer em maio, acabou mudando para este mês e também alterou o endereço mais uma vez. Ao invés da Ópera de Arame e da Pedreira Paulo Leminski, preferiu um local menor, o Curitiba Master Hall. Apesar das atrações de peso, a organização não conseguiu atrair tantos fãs quanto imaginava e, ao invés de 10 mil pessoas, agora vai atender cerca de 3,4 mil.
Nada que mude a empolgação dos entusiastas para ver pela primeira vez Weezer na América do Sul, em apresentação única. A banda, que nasceu em 94 e revitalizou o power pop -consagrado com The Byrds, The Raspberries, Big Star, Badfinger e Teenage Fanclub- com canções assobiáveis, acompanhadas de letras adolescentes e cheias de guitarras, virou referência para os fãs de rock alternativo na época e influenciou centenas de novos grupos no cenário nacional.
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O primeiro trabalho, o ''Blue Album'', com hits como ''Buddy Holly'' e ''Say It Ain't So'', foi sucesso imediato mas o líder, vocalista, compositor e guitarrista da banda, o genioso Rivers Cuomo, decidiu dar um tempo para destilar sua nerdice no curso de Letras em Harvard. Antes mesmo do término do primeiro disco, o guitarrista Jason Cropper já havia deixado a banda, que permaneceu em silêncio por dois anos. Os outros integrantes, o guitarrista Brian Bell, o baixista Matt Sharp e o baterista Patrick Wilson, que dividiam o tempo com outros projetos (como Special Goodness, Space Twins e The Rentals) decidiram então pressionar Cuomo a gravar novamente.
Cuomo cedeu e ''Pinkerton'', mais ruidoso mas ainda assim numa progressão natural do primeiro álbum, estourou no meio alternativo em 96. No entanto, o sucesso não impediu que o baixista Matt Sharp deixasse o grupo para se dedicar ao The Rentals, projeto que cresceu ainda mais durante as briguinhas com Cuomo. Assim, o Weezer ficou novamente parado por algum tempo.
Em 2001, ressurgiu com um novo baixista, Mikey Welsh, e o objetivo de abraçar o mundo, com o ''Green Album'', bem recebido pelo público e pela crítica. No entanto, um ano depois, com ''Maladroit'', decepcionou ao se render à então revisitação ao hard rock, tendência na época. A banda mudou de baixista mais uma vez, para Scott Shriner, o atual, e então se trancou de novo para gravar.
De 2002 pra cá, Cuomo teve problemas de criatividade, decidiu jogar um disco inteiro quase gravado no lixo, largou mão de bens materiais e buscou soluções para a crise com meditações. Só assim saiu ''Make Believe'', este ano, bem recebido por uns e odiado por outros.
Problemas à parte, é a turnê deste álbum que Curitiba recebe hoje. Cuomo, como uma espécie de presente, já que nenhum solo tupiniquim teve antes oportunidade de receber a banda, deve apresentar uma boa dose dos aclamados primeiros discos e, segundo o músico, também uma canja com uma versão surpresa de um grupo, que, segundo ele, é bastante querido dos brasileiros.
Antes das agruras adolescentes de Cuomo, os presentes vão poder também prestigiar as paranaenses Suite Minimal e Charme Chulo, além de outros destaques nacionais, como Acabou la Tequila, Biônica, O Sete, Rádio de Outono e Cidadão Instigado. Amanhã tem mais, com as internacionais The Raveonettes (Dinamarca) e Mercury Rev (Estados Unidos).
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Serviço - Curitiba Rock Festival. Atrações de hoje: O Sete (RJ), Suite Minimal (PR), Charme Chulo (PR), Rádio de Outono (PE), Cidadão Instigado (CE), Biônica (SP), Acabou la Tequila (RJ) e Weezer (EUA). Amanhã: Black Maria (PR), Karine Alexandrine (CE), Móveis Coloniais de Acaju (DF), Los Diaños (PR), Hurtmold (SP), Patife Band (SP), Ultramen (RS), Lobão (RJ), The Raveonettes (DIN) e Mercury Rev (EUA). Os portões serão abertos às 15 horas, no Curitiba Master Hall: Rua Itajubá, 123 - Bairro Portão. Os ingressos continuam à venda pela Internet e nas lojas FNAC e da Brasil Telecom em Curitiba, São Paulo e Rio de Janeiro. Os bilhetes custam R$ 120 por dia ou R$ 160 pelos dois dias, pela compra no site. Nos postos de venda, os tíquetes casados custam R$ 180. É proibida a entrada de menores de 18 anos.