O cantor Zeca Pagodinho, que nasceu em Xerém e possui um sítio na região, percorreu alguns bairros do distrito e ofereceu ajuda aos moradores vitimados pelas chuvas que assolaram o Rio de Janeiro na madrugada desta quinta-feira, 3. Segundo ele, no alto do distrito, ainda há casas e pessoas soterradas. A Secretaria estadual de Defesa Civil informou que há uma pessoa morta, 3 ferias e mais 250 desalojadas, num balanço feito pelas cidades afetadas pela tragédia: Duque de Caxias, Angra dos Reis, Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo.
Em meio ao desespero durante a enxurrada, os moradores se uniram para tentar salvar parentes e amigos levados pela correnteza. Com cordas e boias improvisadas, os homens se arriscaram para retirar crianças e mulheres que tentavam atravessar as ruas tomadas pela correnteza.
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"A preocupação era só salvar as vidas. Resgatei uma criança que pediu ‘tio, por favor, eu não quero morrer’. Pensei no meu filho e quis chorar, mas prometi a ela que nada lhe aconteceria", disse o morador Alcimar Belieni, de 34 anos, ainda coberto de lama após passar a madrugada ajudando os vizinhos.
Em alguns pontos, a lama chegou a mais de três metros de altura e tomou casas inteiras. A região está sem luz e sem sinal de telefone. Com parte da casa destruída e lama na altura de dois metros dentro de sua casa, o comerciante Robério Cavalcante, de 34 anos, não sabia por onde recomeçar.
"Só deu tempo de tirar meus filhos e minha mulher. Quando sai com o carro, vi o muro desabar e a enxurrada arrastar outros carros. Só perdemos coisas materiais, vamos reconstruir tudo. Mas é difícil ver a casa que você suou tanto para construir dessa forma", lamentou.
Pela manhã, o prefeito Alexandre Cardoso percorreu os bairros mais atingidos e decretou estado de emergência na região. A chuva teve início à meia-noite, mas por volta das 2h se intensificou e o nível dos rios Saracuruna, Inhomirim e Capivari começou a subir rapidamente. O fenômeno, conhecido como tromba d’água, arrastou árvores, eletrodomésticos e carros.
Os entulhos trazidos pela água formaram uma represa no leito do rio Capivari e a força das águas sem vazão ocasionou a derrubada de casas e árvores. Uma ponte foi destruída e outras duas foram interditadas com risco de desabamento.
"Acordei com um forte estrondo e depois ouvi os gritos dos vizinhos, que passavam avisando da enxurrada. Só deu tempo de descer as escadas antes de desabar", contou a dona de casa Osana Ferreira, de 41 anos. "O pior é ver amigos, conhecidos morrendo e não poder fazer nada. Vi uma família inteira em cima de uma laje que desabou", contou a moradora do bairro de Pedreira, um dos mais atingidos pelos estragos.
A chuva só deu uma trégua aos moradores por volta das 8h, mas a correnteza dos rios continuou forte durante toda a manhã. A Defesa Civil e o Corpo de bombeiros interditaram diversas casas embaixo de morros com risco de desabamentos. Ruas inteiras próximas ao leito dos rios foram bloqueadas, pois o asfalto ameaça ceder. Máquinas tentam retirar os entulhos para desobstruir o leito dos rios e dar mais vazão à água.