A Suíça fez história nesta segunda-feira (21), após se tornar a seleção que mais tempo ficou sem tomar gols em Mundiais. E mesmo assim, foi derrotada para o Chile por 1 a 0, no Estádio Nelson Mandela Bay, em Port Elizabeth, em partida válida pelo Grupo H da Copa do Mundo.
O resultado deixou o Chile na liderança da chave com seis pontos, três a mais do que a Suíça - Espanha e Honduras, que ainda não pontuaram, ainda se enfrentam nesta segunda-feira. Os chilenos precisam agora empatar com os espanhóis, na sexta-feira, para avançar às oitavas de final sem depender do resultado de Suíça x Honduras, na rodada final da chave.
Mesmo com a derrota, a Suíça fez história em Port Elizabeth. Completou 558 minutos seguidos sem sofrer gols em Mundiais e quebrou o antigo recorde da Itália, de 551 minutos, conquistado entre as Copas de 1986 e 1990. O último gol tomado pelos suíços havia sido em 1994, marcado pela espanhol Beguiristain nas oitavas de final. Em 2006, a equipe foi eliminada também nas oitavas, pela Ucrânia, nos pênaltis, sem sofrer nenhum gol.
As duas seleções contavam nesta segunda-feira com importantes reforços. Se o ex-palmeirense Valdívia começou no banco de reservas, poupado por contusão, o técnico Marcelo Bielsa tinha o retorno do atacante Suazo, artilheiro da Eliminatória Sul-Americana para o Mundial. Armou, assim, a equipe em um ofensivo 4-3-3.
A Suíça, por sua vez, contava com o retorno do meia Behrami e do atacante Frei, capitão da equipe, ambos recuperados de lesão. Não demorou, no entanto, para que ambos deixassem a partida. Behrami foi expulso ainda no primeiro tempo. E com um jogador a menos, o técnico Ottmar Hitzfield substituiu Frei por Barnetta.
A expulsão foi determinante para o andamento do duelo. Antes, os suíços seguravam bem o ímpeto adversário e quase não tomavam sustos. O cartão vermelho de Behrami, aliás, resume bem o confronto até aos 30 minutos do primeiro tempo: faltoso e violento. A partir daí, o Chile tomou conta do jogo.
Ainda na etapa inicial, a seleção sul-americana desperdiçou algumas boas chances, sobretudo em jogadas pelas laterais. Mas pecava sempre nas finalizações. O panorama parecia que se repetiria na etapa final, até Mark Gonzalez marcar aos 28 e encerrar a invencibilidade suíça.
O JOGO
Com três atacantes, o Chile iniciou a partida com forte pressão. E como já havia ocorrido contra a Espanha, Benaglio começou a se destacar. Logo aos nove minutos, Vidal arriscou de fora da área e o goleiro espalmou. Carmona ficou com o rebote e também finalizou, para mais uma boa defesa do suíço. Os chilenos mantinham o controle do jogo com a boa movimentação de seus armadores e atacantes. Fechada, a Suíça novamente se defendia com segurança.
A partida, assim, seguia truncada. Com pouco mais de 25 minutos, o árbitro já havia marcado 16 faltas e distribuído quatro cartões amarelos. Um deles, aliás, para o volante chileno Carmona, o seu segundo no Mundial - está fora da partida contra a Espanha. Somente aos 27, a Suíça levou algum perigo, e contando ainda com o erro do adversário. Em bola mal recuada, o atacante Nkufo ganhou do zagueiro na corrida e quase abriu o placar, mas o goleiro Bravo antecipou.
Aos 30 minutos, ocorreu o lance que mudaria o panorama da partida. O meia Behrami protegia a bola de Vidal quando acertou uma cotovelada no adversário e foi expulso. O Chile voltou então a pressionar, a princípio por meio de faltas batidas pelas laterais. Foram duas cobranças perigosas na sequência, afastadas pela zaga suíça.
Suazo também teve boa chance após cruzamento pela esquerda aos 38, mas cabeceou por cima. Dois minutos depois, após novo levantamento à área, Sanchez dominou no peito, colocou a bola no chão e bateu fraco, para a tranquila defesa de Benaglio. Preocupado, Ottmar Hitzfield mudou ainda antes do intervalo: sacou o capitão Frei e colocou o meio-campista Barnetta.
Na volta do intervalo, Bielsa colocou Valdivia no lugar do apagado Suazo, além de substituir Vidal por Mark Gonzalez. As mudanças deram nova movimentação ao ataque chileno. E, logo aos três minutos, o Chile venceu finalmente a retranca suíça, mas o gol foi anulado pela arbitragem. Em cobrança ensaiada de falta, Matias Fernández rolou para a meia-lua, Sánchez bateu e a bola entrou após desviar na defesa. Gonzalez, no entanto, atrapalhou o goleiro em posição ilegal.
Novamente com Sánchez, o Chile quase marcou cinco minutos depois. O atacante roubou a bola da defesa adversária e saiu na cara do gol, mas chutou em cima de Benaglio. A pressão aumentava e a Suíça se segurava. Até que, aos 22 minutos, atingiu o feito histórico: a seleção que mais tempo ficou sem tomar gols em Mundiais.
E seis minutos depois do recorde, após brilhar a estrela do técnico Marcelo Bielsa, a invencibilidade suíça finalmente terminou. Valdivia deu grande passe, Paredes recebeu em posição duvidosa, driblou o goleiro e cruzou na cabeça de Mark Gonzalez, que sozinho completou para o gol. Os três jogadores foram as apostas do treinador no segundo tempo.
Em vantagem, o Chile seguiu pressionando o adversário. Paredes ainda criou duas grandes chances, mas desperdiçou ambas. A Suíça ainda perdeu gol incrível com Derdiyok aos 44 minutos, quando ele recebeu sozinho na marca do pênalti e finalizou rasteiro, para fora, jogando fora a chance de tornar a partida ainda mais histórica para a Suíça.
FICHA TÉCNICA:
Chile 1 x 0 Suíça
Chile - Bravo; Isla, Medel, Ponce e Jara; Carmona, Vidal (Mark Gonzalez), Matias Fernández (Paredes); Sánchez, Suazo (Valdivia) e Beausejour. Técnico - Marcelo Bielsa.
Suíça - Benaglio; Lichtsteiner, Von Bergen, Grichting e Ziegler; Inler, Huggel, Behrami e Gelson Fernandes (Bunjaku); N´Kufo (Derdiyok) e Frei (Barnetta). Técnico - Ottmar Hitzfield.
Gol - Mark Gonzalez, aos 28 minutos do segundo tempo.
Árbitro - Khalil al Ghamdi (Arábia Saudita).
Cartões amarelos - Suazo, Carmona, Ponce, Fernández, Medel, Valdivia, N´Kufo, Barnetta, Inler.
Cartão vermelho - Behrami.
Público: 34.872 torcedores.
Estádio - Nelson Mandela Bay, em Port Elizabeth (África do Sul).